São Paulo, sábado, 26 de março de 1994
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Cólera ameaça ida ao litoral de SP

MARCUS FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

A Diretoria de Vigilância Sanitária de São Vicente (SP) anunciou ontem a confirmação do oitavo caso de cólera no município.
A vítima é uma menina de 10 anos. Ela mora no morro do José Menino, na divisa com Santos. Segundo o diretor do órgão, Alfredo Scaff, 29, não se sabe ainda a forma do contágio.
Segundo o boletim do Ersa (Escritório Regional de Saúde), 11 moradores da Baixada contraíram a doença este ano. Desse total, duas pessoas morreram -uma de Santos e outra de São Vicente.
As outras cidades da Baixada Santista com casos confirmados de cólera são Cubatão e Praia Grande, com um caso em cada município.
Além dos pacientes com exames positivos, existem na região 44 habitantes aguardando resultado de coleta de análises laboratoriais.
O trabalho das vigilâncias sanitárias na região se concentra na distribuição de hipoclorito de sódio e panfletos educativos.
Em Santos, São Vicente, Cubatão e Praia Grande técnicos estão visitando os bairros sem saneamento básico. De acordo com o senso do IBGE de 1991, moram na Baixada Santista 1,12 milhão de habitantes. Em áreas não servidas por rede de esgoto, vivem 500 mil.
Segundo o secretário da Saúde do Guarujá, Rui de Paiva, 39, deve-se "evitar a ingestão de frutas, verduras, peixes e crustáceos não cozidos ou fritos". Paiva disse que é "altissimamente improvável" que se contraia cólera num banho de mar.
"A pessoa teria que beber tanta água do mar para se contaminar, que antes disso se afogaria", diz o secretário da Saúde de Santos, Claudio Maierovitch.
Para os médicos, a única possibilidade de contágio seria o banhista beber água do mar próximo à saída de esgoto contaminado.
O reaparecimento do cólera na Baixada Santista preocupa o setor hoteleiro e de restaurantes. A cinco dias do feriado da Semana Santa, quando são esperados mais de 1 milhão de turistas, existe uma expectativa de queda no movimento.
Para o dono do restaurante Conde do Mar -especializado em peixes e crustáceos-, em Santos, Hermínio Ferreira, 51, durante a Semana Santa o movimento "aumenta 60%". Ele teme queda nas vendas. Ele afirmou que os frutos-do-mar servidos vêm do litoral de Santa Catarina.

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