São Paulo, sábado, 26 de março de 1994
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Inglaterra é viva na 'Adorável Lavanderia'

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Filme: Minha Adorável Lavanderia
Produção: Inglaterra, 1985, 93 min.
Direção: Stephen Frears
Canal: Bandeirantes, 22h30.

Em matéria de cinema, a Grã-Bretanha leva azar: basta um diretor começar a aparecer com destaque e logo faz as malas para Hollywood.
É o que aconteceu com Stephen Frears, realizador de "Minha Adorável Lavanderia", e Neil Jordan ("Traídos pelo Desejo"). São dois dos principais expoentes do chamado novo cinema inglês, escola que se firmou graças à associação com a TV inglesa (em particular o Channel 4) e murchou quando a crise econômica naquele país evaporou a verba para filmes.
O principal mérito de alguns desses filmes foi ter tirado a poeira do cinema inglês, habitualmente retrancado num passado (fim do século 19, início do 20) glorioso para o Império Britânico.
Os elementos que entram na "Lavanderia", além da própria, raramente aparecem em filmes ingleses: há um jovem paquistanês (filho de um político no exílio), seu namorado inglês. Há uma casa (ou apartamento) junto a uma estrada de ferro, onde o ruído é infernal: um país contemporâneo, decadente, talvez, mas vivo.
Esse mundo proposto por Frears é problemático, escuro. Mas o diretor filma com tal vivacidade e leveza que os inúmeros episódios envolvendo os protagonistas podem ser vistos com prazer de início a fim.
Não será exagerado dizer que, junto com "Mona Lisa", de Neil Jordan, "Minha Adorável Lavanderia" é um filme central dessa escola: são ambos filmes que buscam uma realidade de que o cinema inglês raramente dá conta.
O único problema: no mesmo horário, a TV Cultura exibe "Nada É Sagrado", dirigida por William Wellman nos anos 30. É uma bela comédia cínica (com produção de David Selznick), onde todo mundo quer passar a perna em todo mundo.
Um tema a caráter para o estilo frio de Wellman. Os dois filmes entram em versão legendada, portanto sem a interferência de dublagens que não raro destróem o filme.(Inácio Araujo)

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