São Paulo, sábado, 26 de março de 1994
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Cineclube Elétrico será despejado em abril

EDUARDO SIMANTOB
DA REDAÇÃO

O Elétrico Cineclube será definitivamente fechado. No dia 24 de fevereiro, foi publicada a sentença de despejo por falta de pagamento de aluguel do imóvel, localizado na rua Augusta (região central), expedida pelo juiz Lineu Bonora Peinado da 27ª vara cívil. Segundo os advogados do proprietário, o grupo Crefipar, em cerca de 20 dias o imóvel será devolvido.
O coordenador do Elétrico, Felipe Macedo, 41, diz que não vai recorrer da sentença. Fundador também dos extintos cineclubes Oscarito e Bexiga, Macedo atribui o fim da sala a problemas com distribuidores, concorrentes e ao prefeito Paulo Maluf.
Inaugurado em janeiro de 1990, o Elétrico tornou-se logo uma sala concorrida para estréias de filmes de distribuição à margem do circuito comercial. Filmes como "Delicatessen" e "Tomates Verdes Fritos", entre outros, lançados pelo Elétrico, permaneceram por mais de 20 semanas em cartaz. Em 1991, a Câmara dos Vereadores aprovou um decreto que garantia ao imóvel o status de utilidade pública, dando aval para sua desapropriação. Com isso, o cineclube poderia incrementar suas atividades, liberado do ônus do aluguel, e o proprietário seria indenizado pela prefeitura.
No entanto, a então prefeita Luiza Erundina não colocou a verba de desapropriação no orçamento de 92, passando a responsabilidade para seu sucessor, Paulo Maluf. Macedo diz que Maluf, quando tomou posse, garantiu a efetivação da sentença, mas em junho de 93 voltou atrás e a revogou.
A partir daí, o proprietário entrou com uma ação de despejo na justiça em função do não pagamento do aluguel desde setembro de 92. A dívida até então era de cerca de US$ 89 mil. Uma quantia impossível de ser paga, segundo Macedo, já que com a abertura do Espaço Banco Nacional de Cinema, próximo ao Elétrico na mesma rua Augusta, a ABC (Associação Brasileira de Cinematografia), que congrega os distribuidores de filmes, decidiu que o cineclube apenas exibiria sobras.
A dívida acumulada até hoje soma cerca de US$ 170 mil. O proprietário garantiu que não pretende alugar novamente o imóvel para cinema ou outra atividade do gênero e especula-se a instalação de uma faculdade no local.

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