São Paulo, domingo, 27 de março de 1994
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Pragmatismo não é bem visto

DO ENVIADO ESPECIAL A MINAS GERAIS

O pragmatismo do PT à frente de algumas prefeituras mineiras nem sempre é bem aceito pelos chamados aliados "progressistas" do partido. Repete-se nas prefeituras o embate ideológico que embala a elaboração do programa de um eventual governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Oito meses depois de eleito, o prefeito petista de Belo Horizonte, Patrus Ananias, foi brindado pela Executiva Regional do PT com uma nota dura.
Além disso, foi criticado pelo PSB e PC do B, parceiros do PT no governo, por seu suposto autoritarismo. Um dos porta-vozes da crítica do PSB foi Célio de Castro, o vice-prefeito.
"Falta linha política de governo. Falta a definição de prioridades. Falta mobilizar a sociedade para a realização do projeto de governo", afirmava a nota da Executiva do PT sobre Patrus Ananias.
Logo adiante, criticava a forma de relacionamento da prefeitura com os vereadores: "A condição de minoria na Câmara exige (...) mobilização popular, sob pena de de ficarmos condenados a acordos e conchavos comprometedores de nosso projeto político".
A briga é a manifestação do conflito entre as correntes "conservadoras" e "radicais". Patrus Ananias, próximo à Igreja, é ligado ao grupo Articulação.
Um dos trechos do documentos contra Patrus evidencia o fundo ideológico da disputa: "A democratização radical do estado e a absorção de parcelas reais de poder por parte da população são princípios revolucionários e socialistas que dão sentido ao nosso partido".
Conflito semelhante ocorreu em Ipatinga, no mandato anterior ao atual. O então prefeito Chico Ferramenta (Articulação) foi criticado por seu vice, João Magno (Vertente Socialista). Magno acabou eleito sucessor de Ferramenta –e continua achando que o governo anterior ficou longe do ideal.

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