São Paulo, domingo, 27 de março de 1994
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Venda ao exterior exige adaptação e cautela

NELSON ROCCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Colocar a produção no mercado externo exige cuidados especiais. A empresa deve verificar se tem produção suficiente para atender novas encomendas e disponibilidade para fazer as adaptações necessárias no produto.
Confecções, por exemplo, devem ter uma modelagem especial para conseguir entrar no mercado europeu. Calçados vendidos nos EUA têm medidas diferentes dos usados no Brasil.
No início, deve-se reservar um percentual da produção para atender encomendas externas. João Dias Neto, 30, dono da DPA –consultoria na área de comércio exterior–, afirma que o ideal é vender em torno de 20% do que se fabrica. Normalmente, os importadores fazem uma primeira encomenda como teste e, quando satisfeitos, fecham contratos de longo prazo. "Exportar não é uma decisão de oportunidade, mas uma opção gerencial da empresa", diz.
O empresário deve elaborar folhetos explicando qual é o produto, para que serve e com que materiais é fabricado, entre outras informações básicas, e enviá-los ao importador.
A maioria das empresas internacionais exigem uma amostra do produto. A embalagem deve ter inscrições, no mínimo, na língua do país para onde se destina.
Segundo Mauro Ávila, 44, do Sebrae SP, deve-se pensar também em como acondicionar o produto para o meio de transporte que será usado na operação, que pode ser aéreo, marítimo, fluvial ou terrestre. Fazer seguro de toda mercadoria transacionada no comércio externo é fundamental.
Além da promoção da empresa no exterior, deve-se ter cautela quanto a determinação de preços e as formas de pagamento. Silvério Rosa, 45, coordenador de comércio exterior do Sebrae SP, afirma que durante a negociação com o importador o empresário pode conseguir o pagamento antecipado ou uma Carta de Crédito. "Ela deve ser, de preferência, em caráter irrevogável."
Efetivada a venda, a parte financeira da operação deve ser acertada com um banco que atue no comércio internacional. Eles estão organizados para dar todas as informações necessárias.
A parte comercial da transação exige uma série de documentos, daí a necessidade de contatos com um despachante. O exportador tem que emitir uma "Proforma Invoice" para o importador, em inglês ou no idioma do país do importador. Wellington Soares Campanha, 28, da Market & Co., diz que esse documento é um espécie de orçamento detalhado, com preços, condições de pagamento e até o nome da transportadora que será usada.
Ao receber o documento, o importador emite um pedido. Com o pedido nas mãos, o empresário brasileiro toca a produção e retira o Registro de Exportação no Banco do Brasil, em bancos comerciais ou corretoras de câmbio.
Quando o material estiver pronto para ser exportado, deve-se emitir uma fatura comercial –com as mesmas informações do orçamento–, que deverá acompanhar o produto e com a qual se fará a cobrança do importador. (NR)

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