São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 1994
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Disputa pelo Eldorado se acirra na Justiça

MARISTELA MAFEI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Eldorado, sexto maior grupo varejista do país e terceiro paulista, está sendo administrado só por uma das alas da família Verríssimo –dona do Grupo–, por decisão do desembargador Ney de Melo Almada, 3.º vice-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo.
A ala que comanda o grupo é encabeçada por João Alves Veríssimo Sobrinho e João Carlos Veríssimo, sobrinhos do fundador. A ala que não está tendo acesso às contas das empresas é composta por três irmãs –Maria Lúcia e Maria Helena Veríssimo, e Maria da Conceição Alves de Queiróz, filhas do patriarca João Alves Veríssimo.
A ala dos sobrinhos, reunida na holding Verpar, tem acesso exclusivo às operações da empresa porque alegou na Justiça que o grupo ficaria prejudicado à espera da decisão final do processo principal– que busca a divisão do grupo.
A decisão judicial é considerada inusitada por advogados consultados pela Folha. Nesse tipo de disputa, raramente uma da partes fica com acesso exclusivo aos dados contábeis e administrativos.
A polêmica foi acirrada depois que a Justiça de SP, no último dia 1.º, concedeu e depois cassou a instalação de um Conselho Fiscal solicitado para que a ala que ficou de fora dos negócios pudesse acompanhar os atos do grupo.
Está em jogo o comando de um grupo que faturou US$ 700 milhões em 93. Além de hipermercados, possui um dos maiores shoppings do país, o Eldorado (zona oeste de SP) e o Moinho Paulista.
A holding Verpar contratou o advogado Jurandyr Portela, o mesmo que representou Abilio Diniz na disputa pelo Pão de Açúcar.
A holding Taveri, que reúne as filhas do patriarca, recorreu ao escritório de advogacia Pinheiro Neto e a pareceres de mais três advogados para contestar a liminar.
O processo principal é movido pela Verpar para que as irmãs Veríssimo assinem documentos de cisão do grupo, conforme compromisso firmado em julho de 93, Na defesa, as irmãs alegam que só o farão depois que for feita divisão igualitária dos bens.
A Folha apurou que a briga familiar emperrou as negociações para a construção de um hipermercado junto ao shopping Aricanduva e de duas torres de escritórios junto ao shopping Eldorado.
Tanto a holding Verpar quanto a Taveri disseram à Folha que não se pronunciariam sobre o caso.

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