São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 1994
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Benetton acerta a rota no Brasil

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

A família Benetton, que batiza o império de moda com 7.000 lojas espalhadas pelo mundo, considera ter finalmente acertado a rota de seus negócios no país, através da associação, selada no final de 1993, com o empresário Luiz Cezar Fernandes (Banco Pactual).
"É necessário ofertar no mercado brasileiro produtos certos com preços certos. Não tínhamos, talvez, esses ingredientes", disse à Folha, em São Paulo, o vice-presidente Gilberto Benetton, 52, questionado sobre as dificuldades anteriormente enfrentadas pelo grupo italiano no país.
Fechamento de lojas (de 230 para 160), problemas de abastecimento e conflitos com franqueados marcaram a trajetória de quase uma década da grife no país.
Mudanças constantes de executivos estrangeiros na administração, em meio à recessão que castigou a indústria do vestuário, também foram apontadas como entrave à decolagem da marca no país.
"Foi um dos motivos pelos quais pedimos a colaboração de especialistas brasileiros", acrescentou o empresário, que veio acompanhar o desempenho da escuderia no Grande Prêmio Brasil.
Agora, a estratégia de gestão será planejada em conjunto com a matriz, mas o dia-a-dia ficará sob responsabilidade da nova diretoria.
"Sempre acreditamos no Brasil. Tanto que, há cinco anos, montamos uma fábrica em Curitiba", diz. A Benetton programa investimentos de US$ 12 milhões para ampliação e novos equipamentos –valor próximo do gasto para implantar o projeto.
A expectativa é de também ampliar a rede para mais de 300 lojas nos próximos dois anos e meio. Só na montagem de uma loja própria no shopping paulistano Iguatemi está sendo gasto US$ 1 milhão.
O grupo prevê faturar US$ 18 milhões este ano, o que significará resultado 20% superior ao de 1993, segundo o diretor-superintendente Marcos Santin.
O crescimento será superior ao de 10% previsto para o restante das operações internacionais, incluindo a inauguração de uma centena de lojas na China em 1994.
Uma fábrica robotizada de calças foi construída junto à matriz, em Ponzano Veneto. Outra, direcionada à produção de camisas, será erguida este ano. Ambas consomem US$ 60 milhões.
É do Q.G. italiano que virão os itens da linha de inverno correspondentes a 15% dos volumes anuais comercializados no Brasil.
Para driblar o mercado recessivo, o grupo decidiu converter ganhos de produtividade em alavanca de marketing. Reduziu de 7.000 para 4.000 o número de itens, a fim de gerar escala e baratear os produtos de 10% a 15%.
Graças à estratégia, iniciada em 1993 com a linha infantil, houve aumento de 15% nos volumes de venda. O grupo ainda destina US$ 70 milhões para veicular suas provocantes campanhas e patrocinar times de vôlei, basquete e rugby. Investe US$ 5 milhões anuais para se manter na F-1.
O faturamento da Benetton, estima Gilberto, vai atingir US$ 1,8 bilhão em 1994. A cifra ultrapassa US$ 2,5 bilhões se somadas as vendas da Sportsystem, o conglomerado de artigos esportivos que marca o início da diversificação do grupo nesta década. Em janeiro, o grupo promoveu aumento de US$ 180 milhões em seu capital social.

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