São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 1994
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Pais devem falar sobre sexo?

DA REDAÇÃO

Em assuntos complicados como sexo, quanto mais informação melhor. O ideal é que os pais orientem e que as escolas também toquem no assunto. Serviços de orientação profissional também valem (leia reportagem à página 6-1). Mas não tem sido bem assim.
Pesquisa do Datafolha, feita em junho do ano passado nas dez principais capitais do Brasil, mostra que quase metade (48%) dos pais de crianças em idade escolar, nunca ou raramente conversam sobre sexo, segundo os filhos. Quase um terço (32%) diz conversar "sempre" sobre sexo com os filhos. Outros 20% tocam no assunto "de vez em quando" sobre o assunto com as crianças.
A proporção sobe para 55% entre pais de meninos e meninas na faixa dos cinco a 11 anos. É fácil imaginar que a maioria dos pais quer que os filhos aprendam noções corretas sobre sexualidade –86% dos pais entrevistados na pesquisa querem que seus filhos tenham educação sexual na escola– mas preferem se livrar desta tarefa, que muitos consideram constrangedora.
A proporção de pais contrários à educação sexual nas escolas cresce conforme aumenta a idade dos pais. Entre aqueles com mais de 41 anos, 19% são contra o assunto. Entre os pais de até 25 anos, apenas 7% não querem orientação sexual através dos professores. Na faixa intermediária, a taxa de pais contrários ao sexo como assunto de aula é de 9%.
Os assuntos que mais preocupam os pais são muito parecidos com os que grilam os jovens: doenças sexualmente transmissíveis (citadas por 35% dos pais), Aids (25%) e gravidez (21%).
Mesmo entre os pais que preferem que seus filhos não tenham que falar e ouvir sobre sexo na sala de aula, há aqueles que vêem na educação a melhor prevenção à Aids: 96% dos pais acham que a orientação de professores pode fazer os jovens evitarem a doença.
Havendo educação sexual nas escolas, ela pode ser ministrada em uma matéria à parte –falando apenas de sexo– ou junto com outras disciplinas –normalmente um capítulo de biologia, ao tratar de reprodução e órgãos genitais.
Escolas que adotam a educação sexual em seu currículo costumam abordar o tema com alunos de 5ª série em diante. Raramente um pai reclama por seu filho estar ouvindo professores falando de sexo. Matérias específicas sobre sexo –separadas das demais disciplinas escolares– não costumam valer nota.

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