São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 1994
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Naná Vasconcelos vai dirigir o 2.º Perc Pan

HÉLIO GUIMARÃES
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

Naná Vasconcelos, que se apresentou com o indiano Trilok Gurtu na segunda noite do Perc Pan (World Percussion Panorama), na noite de sexta-feira no Teatro Castro Alves, em Salvador, será o diretor musical da segunda edição do festival, que acontecerá na cidade em abril do ano que vem. "Gosto de assumir este tipo de responsabilidade, porque é um assunto que é a minha vida. E isso vai me dar oportunidade de vir mais ao Brasil", diz o percussionista radicado em Nova York desde os anos 70.
Para Naná, dirigir o festival também é uma oportunidade de trabalhar com músicos brasileiros, principalmente da nova geração. "Como o Carlinhos Brown, que tem uma exuberância incrível e é uma pessoa muito sofisticada, mas muito simples", diz Naná, que foi convidado a participar junto com o indiano Trilok do novo disco de Brown, que será gravado pela Virgin, na França.
Sobre o primeiro Perc Pan, Naná compara a importância do evento à primeira vez em que Hermeto Paschoal chegou à mídia tirando som de uma "dentada de burro". "Aquilo abriu uma dimensão incrível para a percussão, que não tinha classificação específica nem em revistas especializadas, como a 'Down Beat' ".
"Esse festival trouxe uma informação que muita gente não tem, a de que percussão não é só ritmo. É dança, melodia, orquestração, a percussão é sinfônica e é lírica. E é vida. Se o coração não bate, não tem música e não tem vida", compara, em entrevista concedida à Folha à beira da piscina do hotel onde estão hospedados os 120 músicos que vieram para o Festival.
"Salvador é o lugar ideal para este festival, porque é onde a cultura afro-brasileira está mais viva. O que está acontecendo no som afro-brasileiro é uma coisa que são só tambores. Ninguém tem ganzá, ninguém tem metais, fica tudo no mesmo timbre", avalia Naná.
Em abril, Naná participa do Heineken Concerts, em São Paulo, tocando ao lado de seus convidados, que incluem Vernon Reid, do Living Colour, Bob Stewart e Don Sheridan. "Vou botar todo mundo para tocar 'Partido Alto'. Eles estão muito mais interessados em conhecer a música da gente do que ver músicos brasileiros tentando mostrar que sabem tocar jazz como os americanos", diz.

O jornalista Hélio Guimarães viajou a Salvador a convite da produção do 1.º Perc Pan.

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