São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 1994
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Ronaldo Bastos lança o Dubas

CARLOS CALADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Chico Buarque de Hollanda recriado por Carlos Fernando e Toninho Horta. Esse é o projeto de estréia do selo Dubas, que o produtor e compositor Ronaldo Bastos –parceiro de Milton Nascimento, Beto Guedes e Lô Borges, entre outros medalhões da MPB– promete lançar até maio.
Já em fase de finalização, o álbum "Qualquer Canção" vai reunir canções mais ou menos conhecidas de Chico, incluindo a recente "Futuros Amantes". A novidade está na associação do paulista Carlos Fernando (vocalista do Nouvelle Cuisine) com o mineiro Toninho Horta. O formato voz-violão (ou guitarra) comanda os arranjos.
"Não quero fazer songbooks, mas sim revisitar as obras de alguns compositores de uma maneira não-óbvia", diz Ronaldo, antecipando que outros autores serão focalizados em suas próximas produções. "Quero coisas estranhas", resume o diretor do Dubas, que vê em formações reduzidas e acústicas, como a do projeto com Carlos Fernando e Horta, a linha sonora de seus discos.
Outro projeto escolhido para a primeira fornada do selo, também em fase de acabamento, é um álbum que destaca a produtiva parceria de Ronaldo com o guitarrista e cantor carioca Celso Fonseca. "Sorte" (hit da dupla, gravado por Gal Costa), que dá nome ao disco, é a única faixa conhecida –as dez restantes, que variam entre baladas e sambas, são ineditas. Os arranjos para voz e violão incluem cordas, assinadas por Jacques Morelembaun.
Cara do dono
E por que Dubas? "Esse foi o apelido que Caetano Veloso me deu, uns dez anos atrás, em Belo Horizonte. De lá para cá, muitas pessoas me chamam de Dubas", diz Ronaldo, explicando que não foi exatamente narcisismo que o levou a escolher essa corruptela de seu nome. "O meu selo tem a cara da minha história", afirma.
O autor de hits como "Trem Azul" (parceria com Lô Borges), "Nada Será como Antes" e "Cais" (ambas com Milton), certamente é menos conhecido pelo grande público do que suas canções. Desde o histórico álbum "Clube da Esquina" (de 1972), de Milton Nascimento, o nome de Ronaldo Bastos esteve muitas vezes associado ao chamado "grupo mineiro", embora também tenha produzido álbuns de Nana Caymmi, Gonzaguinha e João Penca.
"Eu sou o cara mais carioca que eu conheço", diz Ronaldo, ironizando o fato de ser a todo momento identificado como mineiro. Pelo menos na direção de seu selo, o carioca mais mineiro da MPB não estará muito preocupado com bairrismos. "Me interessam os artistas que tenham um traço original, independente do que ele seja."

Selo: Dubas (av. Ataulfo de Paiva, 255, sala 704, tel. 021/239-2731, fax 021/239-3062, Leblon, Rio)

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