São Paulo, terça-feira, 29 de março de 1994
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Gaúchos iniciam colheita de US$ 3,2 bi

SÉRGIO PRADO; SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A maior safra brasileira está saindo dos campos do Rio Grande do Sul. São 17 milhões de toneladas de grãos, o equivalente a US$ 3,2 bilhões.
A estimativa da Emater, Empresa Brasileira de Assitência e Extensão Rural, em valores de janeiro, significa um aumento de 13,4% em relação aos US$ 2,8 bilhões de 93.
É o terceiro ano consecutivo em que o Estado produz mais de 17 milhões de toneladas de grãos, depois do desastre de 91, quando a seca e a falta de financiamento reduziram a safra a 9,2 milhões de t.
O desempenho da agricultura do Rio Grande do Sul em 94 representa cerca de 23% da produção nacional de grãos.
"A economia gaúcha depende muito dos resultados obtidos na lavoura", diz Rui Polidoro Pinto, presidente da Fecotrigo, a federação das cooperativas de trigo e soja do RS. Com esta safra, o Estado volta a ter uma perspectiva otimista em todo o setor industrial.
A colheita de soja -estimada em 6,2 milhões de t- deverá reativar as estruturas ociosas de esmagamento de grãos. "Isso trará mais recursos pela exportação dos grãos, óleo e farelo", diz Heitor Mller, coordenador do Conselho de Agroindústria da Fiergs, a federação das indústrias do RS.
A estimativa de colher 4,4 milhões de t de milho, diz Mller, deve reduzir em 50% a importação do produto de outros estados. Segundo ele, nos últimos oito anos, o setor importava cerca de 1 milhão de t de milho por ano.
"Com a redução dos custos, principalmente o do frete, o produto ficará mais competitivo", diz Mller, que também preside a União Brasileira de Avicultura.
No arroz, houve um aumento de 5% em relação à área plantada em 93 e a produtividade se manteve acima dos 5.200 quilos por hectare. "Os resultados animam os produtores a investir em pesquisas de variedades mais produtivas, novas máquinas e técnicas de adubação", diz Homero Guimarães, diretor da Federação das Cooperativas de Arroz.
Para o presidente da Federação da Agricultura do Estado, Hugo Paz, esses resultados significam a volta à normalidade produtiva do RS. "Os agricultores apostaram suas últimas fichas. Descapitalizados, não tinham saída: ou plantavam ou quebravam de vez."
Segundo ele, se houvesse mais recursos para adubação e correção de solo, os agricultores poderiam elevar os níveis de produção.
Um exemplo é o aumento do uso de calcário -mineral utilizado na correção do PH do solo- que em 94 deve elevar a produtividade em 12%, principalmente no milho e na soja. A previsão do Sindicato das Indústrias de Calcário é de um consumo de 4,5 milhões de t do mineral. Em 93, foram usadas 3,5 milhões.
A euforia vinda da boa safra já se reflete na venda de máquinas e implementos agrícolas. Roberto Penteado, 51, presidente do Sindicato de Máquinas Agrícolas do Estado, diz que o setor deve movimentar US$ 200 milhões em 94, contra os US$ 100 milhões do ano passado. "Apenas em janeiro, as vendas foram 90% melhores do que as do mesmo período de 93."

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