São Paulo, terça-feira, 29 de março de 1994
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Morre Eugène Ionesco aos 81 anos em Paris

Dramaturgo foi um dos criadores do teatro do absurdo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O dramaturgo Eugène Ionesco morreu ontem à tarde em Paris, aos 81 anos. Sua única filha, Anne-Marie, deu a notícia, sem informar a causa da morte. Ionesco, cidadão francês de origem romena, tornou-se mundialmente conhecido nos anos 50, como um dos autores do chamado teatro do absurdo. Suas obras mais famosas são: "A Cantora Careca" (1950), "A Lição" (1951), "As Cadeiras" (1952), "Os Rinocerontes" (1959), e "Morre o Rei" (1962).
Eugène Ionesco nasceu em Slatina, na Romênia, em 26 de novembro de 1912. Seu pai, Eugène, era um advogado romeno, e sua mãe, Thérèse, francesa. A família mudou-se para a França quando ele tinha um ano, e voltou à Romênia em 1925; em 1935, outra mudança, para Paris, onde o dramaturgo passou o resto de sua vida. Casou-se em 1936, com Rodica Burileano.
Ionesco começou a escrever quase ao mesmo tempo que o irlandês Samuel Beckett ("Esperando Godot" estreou em 1953), outro autor vinculado ao teatro do absurdo. "A Cantora Careca", peça em um ato, já incluía todas as características centrais de seu teatro. Segundo o crítico Sábato Magaldi, em "O Texto no Teatro" (Perspectiva, 1989), suas peças "partem das situações e das personagens mais convencionais, para revelar-lhes a inesperada irrupção da consciência, implacável ao julgar a caricatura em que a rotina as deforma".
Em "Os Rinocerontes", sua peça mais famosa, essa caricatura é levada até as últimas consequências, com os personagens transformando-se em rinocerontes. Para Ionesco, em um ensaio sobre Franz Kafka, "absurdo é aquilo que é vazio de propósito. Cortado de suas raízes religiosas, metafísicas e transcendentais, o homem está perdido; todas suas ações tornam-se insensatas, absurdas, inúteis".
Além de peças, Ionesco escreveu ensaios, artigos jornalísticos, peças de balé, ópera e adaptações para a televisão.

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