São Paulo, terça-feira, 29 de março de 1994
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Protesto de zulus contra eleições deixa 18 mortos na África do Sul

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Ao menos 18 pessoas morreram e 50 ficaram feridas ontem em Johannesburgo, quando cerca de 10 mil zulus fizeram manifestação contra es eleições programadas para abril na África do Sul.
Os zulus ligados ao partido Inkatha são contra as primeiras eleições multirraciais do país porque defendem a criação de um Estado independente para sua etnia.
Ao longo do fim-de-semana, pelo menos 55 pessoas morreram na província de Natal –de maioria zulu– em função da violência política da região, segundo a polícia.
Oito dos mortos de ontem em Johannesburgo foram atingidos por tiros de seguranças do Congresso Nacional Africano, partido de Nelson Mandela. Os seguranças disseram estar tentando evitar que os zulus invadissem a sede do CNA.
Thabo Mbeki, dirigente do partido, disse que decretação de estado de emergência é necessária para assegurar a realização das eleições. O partido responsabilizou o Inkatha pela violência.
O Inkatha disse que não podia ser responsabilizado pelo fato de a polícia não conseguir garantir a segurança dos manifestantes contra franco-atiradores. Segundo Ed Tillet, "a maioria dos mortos era zulu". Para ele, "o CNA tenta criar um clima de medo e histeria" que justifique a proibição do Inkatha.
O presidente da África do Sul, Frederik de Klerk, acredita que "chegou a hora de considerar urgentemente a adoção de medidas adicionais para impedir que se repita o que aconteceu". De Klerk deve se reunir com Nelson Mandela, o líder do Inkatha, Mangosuthu Buthelezi, e o rei zulu, Goodwill Zwelithini, para discutir a situação amanhã e depois em local mantido secreto pelo governo sul-africano.
O presidente criticou os organizadores da manifestação do Inkatha por não terem tomado as medidas necessárias para prevenir a violência. O ministro do interior, Hernus Kriel atribuiu o confronto aos dirigentes do Inkatha, que deveriam ter previsto a possibilidade do que aconteceu, "tendo em conta a situação política atual".
Além das 18 mortes confirmadas, a polícia acredita que haja pelo menos outras 7 vítimas fatais.
A violência começou antes mesmo da manifestação contra as eleições, quando grupos de zulus se deslocavam para o centro de Johannesburgo e eram alvo ou autores de disparos ocasionais.
Entre os mortos do confronto estão dois policiais.

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