São Paulo, quarta-feira, 30 de março de 1994
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Todo PS de São Paulo tem falta de médico

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Metade dos prontos-socorros da Grande São Paulo está instalado em área física inadequada. Faltam médicos e enfermeiros em todos eles. Em um quarto dos PS não há medicamentos de urgência. Em 30% dos PS municipais faltam centro cirúrgico e banco de sangue; 50% deles não têm Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Estas são algumas das constatações feitas por equipes do Conselho Regional de Medicina (Cremesp) que visitaram 24 PS ao longo de três meses. As conclusões foram divulgadas ontem e os relatórios encaminhados ao Ministério Público e aos secretários da Saúde do Estado e da prefeitura.
O déficit de funcionários foi constatado em todos os PS visitados. Faltam em média 30% de médicos e 40% de enfermeiros na composição das equipes. No PS do hospital municipal de Campo Limpo, visitado em 20 de dezembro passado, foram encontrados nove médicos em uma equipe de 28.
No PS estadual do Regional Sul, em Santo Amaro, visitado no mesmo dia, estavam oito médicos dos 15 escalados. Regina Ribeiro Parizi Carvalho, presidente do Cremesp, disse que as razões da ausência não foram levantadas.
No mês passado, um diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo denunciou a existência de um suposto "esquema" em hospitais públicos: para compensar os baixos salários, médicos estariam reduzindo seus plantões com a conivência do hospital. As denúncias ainda não foram comprovadas.
A falta de infra-estrutura é mais grave nos PS municipais. Um terço deles acusou falta de equipamentos. O pronto-socorro da Lapa tinha apenas serviço de raio X quando foi visitado em dezembro. Faltavam laboratórios, UTI, centro cirúrgico e banco de sangue.
O PS de Santo Amaro não tem consultórios. Os pacientes são atendidos em macas, no corredor ou na entrada da unidade. Situação idêntica foi encontrada no PS estadual do Regional de Osasco.
"Encontramos macas com dois pacientes e doentes pelo chão", disse Regina.
Gustavo Kuhlmann, chefe de gabinete da Secretaria Municipal da Saúde, disse que o maior problema é de pessoal e que novas contratações estão sendo feitas. A Secretaria de Estado da Saúde informou que se manifestará assim que o relatório for analisado. (Aureliano Biancarelli)

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