São Paulo, quarta-feira, 30 de março de 1994
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Banco Central vende CR$ 1,7 tri em LTNs

DA REPORTAGEM LOCAL E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central vendeu ontem no mercado financeiro CR$ 1,791 trilhão em LTNs (Letras do Tesouro Nacional). O preço unitário mínimo de cada título ficou em CR$ 663,467. O resultado do leilão apresentou uma taxa/over de 62,15%. Ao todo, o BC ofereceu 2,7 bilhões de LTNs, que têm prazo de 33 dias, com vencimento no dia 2 de maio próximo.
Depois de não obter sucesso nos dois últimos leilões de NTNs (Notas do Tesouro Nacional) –quando o mercado pediu taxas acima do que o BC estava disposto a pagar–, o Banco Central apostou ontem nas LTNs, que são títulos prefixados e têm prazo inferior ao das NTNs.
Como funciona o leilão
O leilão de LTNs que o Banco Central realizou ontem teve o objetivo de retirar dinheiro da economia. Essa é uma das formas utilizadas pelo governo para evitar que a inflação suba ainda mais.
Os recursos investidos na compra de LTN (Letras do Tesouro Nacional) deixam de ir para o consumo, e assim não pressionam os preços. Quando há menos dinheiro na economia, os juros tendem a subir, o que também desestimula o consumo.
Adquirir uma LTN significa o seguinte: dentro de 30 dias, o governo pagará ao comprador "x" cruzeiros reais (fará o chamado resgate do título). Para atrair compradores, as LTN são vendidas abaixo desse valor de resgate.
Na diferença entre o valor pago no leilão por uma LTN e o valor de resgate está a previsão de juros do Banco Central para os próximos 30 dias. Por isso se diz que as LTN são títulos com juros prefixados.
Nos títulos chamados pós-fixados –caso das NTN, as Notas do Tesouro Nacional–, o Banco Central acerta com os compradores somente os juros acima da inflação. Esses títulos são vinculados a um índice, que pode ser a TR (Taxa Referencial de Juros), o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado da Fundação Getúlio Vargas) ou o câmbio comercial.
Os leilões do Banco Central são feitos através de computador. A partir das 10h, o BC começa a receber as propostas dos compradores, que em geral são bancos, corretoras e distribuidoras de valores credenciados pelo BC.
Por volta das 17h, o BC divulga as taxas de juros que aceitou no leilão. No dia seguinte, quem fez propostas compatíveis com essas taxas vai ao Banco Central para assinar os papéis relativos à aquisição dos títulos.
Se o BC não consegue vender todos os títulos de que precisa, volta a fazer leilões informais nos dias seguintes utilizando os papéis não vendidos e outros que possui em sua carteira de títulos.
Outra alternativa do Banco Central é tomar dinheiro emprestado dos bancos por um dia, o que se chama overnight. Essas operações são renovadas enquanto o Banco Central não consegue retirar o dinheiro através dos títulos.

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