São Paulo, quinta-feira, 31 de março de 1994
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Campanha troca arma por cesta básica

PAULO FERRAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A Sociedade Brasileira de Ajuda Mútua lança amanhã no município de Francisco Morato, um dos mais violentos da Grande São Paulo, uma campanha para que os moradores troquem suas armas por cestas básicas. As crianças vão receber livros em troca de suas armas de brinquedo.
A campanha terá um mês de duração. Durante esse período, quem entregar sua arma, além de receber a cesta básica, ganha um cupom para concorrer a prêmios, na sua maioria eletrodomésticos (geladeira, forno de microondas, aparelho de TV e máquina de lavar roupa).
As armas arrecadadas na campanha serão inutilizadas com ácido e depois jogadas em um recepiente cheio de massa de concreto. "Cada arma arrecadada pode significar uma vida preservada", diz a presidenta da sociedade, Marlene Porto Wentzler, 58.
A arrecadação das armas acontece nos próximos cinco finais de semana, entre 9h e 14h, no posto de saúde de Francisco Morato. Quem fizer a troca não vai precisar se identificar.
A campanha de desarmamento marca a entrada da Sociedade Brasileira de Ajuda Mútua em projetos de mobilização comunitária.
A sociedade é uma entidade particular, sem fins lucrativos, que funciona em São Paulo há pouco menos de um ano.
Ela foi criada pela pecuarista Marlene Porto Wentzler, que se inspirou na YCMD (You Can Make Difference), entidade norte-americana presidida por seu filho, Richard Mondio, que se dedica a campanhas de mobilização da comunidade.
Prisão agrícola
O projeto de maior envergadura da entidade deve ser lançado no mês que vem. É a construção de um presídio agrícola auto-suficiente para 60 presos em Franco da Rocha, município da Grande São Paulo. O projeto ainda depende de aprovação do governo estadual.
O presídio deverá ser construído pela sociedade em uma área de quatro alqueires do Estado. Nele, os presos vão desenvolver culturas e criar animais para sua subsistência. "Até a primeira colheita, a sociedade se responsabiliza pela alimentação dos presos. Depois, eles vão viver daquilo que produzirem", diz Marlene.
O Estado fará a seleção dos presos, que deverão ser de baixa periculosidade e de grande possibilidade de recuperação. Três carcereiros devem cuidar da segurança do novo presídio, que deverá ser cercado e ter sistemas especiais de segurança para evitar fugas. A orientação dos presos será feita pela sociedade e por um técnico em agricultura.

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