São Paulo, sábado, 2 de abril de 1994
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Saiba o que é a Semana Santa

FEDERICO MENGOZZI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A era cristã começou quatro ou cinco anos após o nascimento de Jesus Cristo, nos últimos tempos do reinado de Herodes, o Grande (73 AC-4 AC). Esse dado comprova que a cronologia é um detalhe pouco confiável nas narrativas dos quatro evangelistas –São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João–, que relatam os principais episódios da vida de Cristo.
A Semana Santa relembra os últimos dias de Cristo na terra, mas ninguém deve se perguntar se a Última Ceia ocorreu na quinta-feira ou se a Crucificação se deu mesmo na sexta-feira. É provável que haja alguma coincidência, já que os judeus adotavam períodos de sete dias, associando-os às fases da criação do mundo. Mais que a cronologia, importa a constatação de que o período repassa cada uma das razões que fizeram do cristianismo a principal religião existente, com mais de 1,5 bilhão de adeptos.
Entre dois momentos festivos, o Domingo de Ramos e o domingo seguinte, a Páscoa, a "grande semana" revive os instantes dolorosos que precedem e se seguem à Crucificação. O Domingo de Ramos lembra a entrada triunfal de Cristo em Jerusalém, montado num burrinho, para celebrar a Páscoa –a Páscoa judaica, o "Pesahh". Os dias seguintes, segunda, terça e quarta-feiras, preparam a Quinta-Feira Santa, dia que rememora a cerimônia em que Cristo lava os pés dos discípulos, a Última Ceia e a Eucaristia.
Na Sexta-Feira Santa, lembra-se sobretudo a morte de Cristo, que teria ocorrido, segundo São João, na véspera do sábado, dia sagrado para os judeus. O episódio é o ponto final da Paixão, seguindo-se à prisão e à flagelação.
No sábado, dia intermediário, pensa-se na Paixão e se aguarda a Ressurreição, no dia seguinte –e, popularmente, malha-se o discípulo traidor, Judas. A Páscoa, com ou sem os coelhos e ovos que remetem às festas pagãs pela passagem do inverno para a primavera, ou da esterilidade para a fecundidade, lembra que Cristo ressuscitou e que é um instante de alegria.

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