São Paulo, domingo, 3 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Família real sofre autodestruição"

SÉRGIO MABERGIER
DE LONDRES

O deputado trabalhista Dennis Skinner é um dos poucos e mais destacados críticos da monarquia dentro do Parlamento, apesar da censura aos discursos contra a rainha. Ele disse à Folha que não conta com o apoio do Partido Trabalhista e nem quer apoio do grupo República, cujo líder, Stephen Haseler, ele acusa de ser oportunista e de extrema direita.
*
Folha - Como está o movimento republicano no Parlamento?
Dennis Skinner - Eu não acho que haja um movimento republicano no Parlamento. Há os que criticam a família real, mas eles não se dizem contra a monarquia.
Folha - O sr. já fez algum discurso contra a monarquia no Parlamento?
Skinner - Não é permitido falar muito contra a monarquia no Parlamento porque supostamente você deve jurar fidelidade à rainha.
Folha - É um tipo de censura?
Skinner - Sim. Se você fizer um discurso assim, eles o expulsam do plenário.
Folha -Isso já aconteceu?
Skinner -Bem, eu estive muito próximo disso. Mas eles cortaram os microfones.
Folha - O sr. acha que Elizabeth 2ª pode ser a última rainha? O que viria depois?
Skinner -Sim, mas não se pode prever o que vai acontecer. Nos últimos dez anos cresceu o sentimento contra a monarquia e hoje cerca de 25% da população se dizem contra ela. Há dez anos, o número seria muito menor. A própria família real parece estar num processo de autodestruição.
Folha - Por que o sr. acha que o país seria melhor sem a família real?
Skinner - Porque ela personifica a divisão de classes em sua forma mais ultrajante.
Folha - E o que entraria no lugar do monarca?
Skinner - Nada. Eleger o primeiro-ministro já é mais do que suficiente.(SM)

Texto Anterior: Britânicos discutem o fim dos monarcas
Próximo Texto: EUA abalam novos mercados
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.