São Paulo, segunda-feira, 4 de abril de 1994
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Indicação do filho de ACM divide o PFL

GILBERTO DIMENSTEIN; TALES FARIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A escolha do nome do vice na chapa de Fernando Henrique Cardoso, virtual candidato do PSDB à sucessão presidencial, começou a se complicar devido a divergências não apenas dentro do seu partido mas também no PFL.
Temeroso de que essas divergências afastem seu filho, Luís Eduardo Magalhães, do páreo, o ex-governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, já ameaça não participar da campanha, mesmo se fechado o acordo entre PSDB e os pefelistas.
Na semana passada, ACM disse que caberia ao virtual candidato do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, escolher qualquer nome entre os partidários do PFL. Mas passou a temer que a imagem do filho fosse atingida por seus adversários.
Essa semana o governador fez chegar a FHC e ao presidente do PSDB, Tasso Jereissati, um recado segundo o qual ele, antes, não fazia questão da indicação de Luís Eduardo, mas que a "superexposição" de seu filho o obrigava a rever sua posição.
"Meu filho já se credenciou por si próprio. Mas agora não posso aceitar que ele saia desgastado desse episódio. Se ele não for escolhido, não farei nada contra, mas também não farei campanha pela aliança", foi o recado que passou através da cúpula do PFL.
No PSDB –apesar do interesse de FHC e do próprio Tasso Jereissati em Luís Eduardo– as resistências partem da chamada "ala esquerda" do partido, especialmente os tucanos da Bahia.
Segundo apurou a Folha, Fernando Henrique já fez saber a líderes do seu partido que, caso fechado o acordo, o melhor nome seria de Luís Eduardo.
Na avaliação de FHC, ACM é, entre todos os líderes do PFL, o de maior densidade eleitoral e o que mais pode ajudar em sua campanha na caça aos votos.
Mas, desde que os dois partidos fecharam o acordo segundo o qual, no caso de aliança, caberia ao PSDB indicar o nome do vice, deslancharam-se movimentos dentro do PFL contra Luís Eduardo, inclusive na cúpula do partido.
O ex-governador de Sergipe, João Alves, não esconde seu desapontamento com Luís Eduardo. Líder do PFL na Câmara, Luís Eduardo é acusado pelo governador de não tê-lo defendido das acusações que recebeu na época da CPI do Orçamento.
O líder do PFL no Senado, Marco Maciel (PFL-PE), trabalha para ele próprio ser o vice, ou algum parlamentar de Pernambuco, como os deputados Roberto Magalhães e Gustavo Krause.
O ex-governador pefelista de Santa Catarina, Vilson Kleinubing, também trabalha para que a escolha recaia sobre seu nome. Demais lideranças do partido como Hugo Napoleão e José Agripinio Maia temem que, com a indicação de Luís Eduardo, ele percam espaço no futuro governo para ACM.
O PFL esperava já ter definido o nome do vice na chapa com o PSDB desde a quarta-feira passada, mas os tucanos pediram um adiamento a fim de incluir o PTB e o PP na aliança.
Agora a expectativa dos pefelistas é que até o dia 11 a aliança esteja definida. Mas os tucanos têm dito que só no final do mês haverá uma decisão.

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