São Paulo, segunda-feira, 4 de abril de 1994
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Escola infantil é saqueada pela segunda vez

DA REPORTAGEM LOCAL

A Escola de Educação Infantil Base voltou a ser saqueada ontem à tarde por cerca de 20 pessoas. O motivo é a acusação contra as diretoras da escola de abuso sexaul contra os alunos. Este é o segundo saque contra a escola em dois dias.
Anteontem, um grupo de moradores da Aclimação (região central de São Paulo) e pais de alunos da Base pichou e depredou a casa da diretora da escola, Paula Milhim Monteiro Alvarenga, e de seu marido, o motorista Maurício Monteiro Alvarenga.
Os invasores chegaram na casa dos Alvarenga, na rua Dom Sebastião do Rego, na Vila Gumercindo (zona sul), no fim da tarde. Eles arrombaram o portão da garagem, arrancaram o aparelho de interfone e a caixa de correio.
Em seguida, derrubaram vasos e quebraram vidros de janelas. Na garagem não estavam nenhum dos carros da família Alvarenga: um Opala Diplomata e uma Kombi, que seria usada em orgias com os alunos da escola.
O ataque contra a escola aconteceu quando os PMs, que tomavam conta da Base, saíram para abastecer o carro. Os saqueadores levaram um ventilador, roupas e materiais de limpeza.
Quando perceberam a volta dos policiais, eles abandonaram um berço, travesseiros, detergentes e brinquedos na garagem da escola. Nos dois ataques, a PM não prendeu nenhum suspeito.
Os morarores da rua Oliveira Peixoto, na Aclimação, entenderam faixas e colocaram dois bonecos de judas em postes em frente à escola. Os bonecos representam o casal Alvarenga.
"Maurício canalha. Isso é exatamente o que nós queremos fazer com você", diz um cartaz afixado em um dos bonecos. Em outro cartaz, colado no boneco de Paula, está escrito: "Você não passa de uma galinha morta".
No meio dos bonecos, os moradores estenderam três faixas que diziam: "Estupraram nossas crianças, sr. Odyr Porto (secretário de Segurança). Pelo menos nossas crianças merecem justiça".
Os moradores disseram que irão deixar os bonecos de judas nos postes até que a polícia prenda os acusados de abuso sexual contra os alunos de até seis anos.
Na casa dos Alvarenga, os invasores picharam frases como: "Aqui moram os judas" e "esses bandidos tem que pagar, nem que seja com a vida"
Os vizinhos da casa disseram que os Alvarenga saíram da residência na última segunda-feira, quando a polícia recebeu as denúncias de abuso sexual.
Eles teriam retornado para a casa apenas para retirar aparelhos eletrônicos e roupas. Paula e seu marido tem dois filhos pequenos que estudam em uma escola do Ipiranga (zona sul).
Na tarde de hoje, a polícia deverá receber pelo menos duas mães de alunos que levarão os filhos para saber se eles também foram vítimas de abuso sexual na escola.

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