São Paulo, segunda-feira, 4 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PMs são acusados de desviar água para piscina

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O chefe da Assistência Militar da Assembléia Legislativa de São Paulo, coronel da PM Norival Gonçalves, foi denunciado por peculato, sob acusação de desviar água da Sabesp para encher uma piscina do clube Sírio Libanês, em Santos (72 km a sudeste de SP).
Além de Gonçalves, mais quatro oficiais foram acusados de peculato (crime do funcionário público que se apropria ou desvia bem do Estado), falsificação de documentos, falsidade ideológica e prevaricação (não cumprir lei por razão pessoal).
O desvio da água teria sido feito pelo 6º GI (Grupamento de Incêndio) do Corpo de Bombeiros, a pedido do coronel Gonçalves.
Segundo a denúncia, no dia 18 de junho de 93 o administrador do clube Sírio Libanês, Ernesto Andria, pediu ao coronel Gonçalves que ele mandasse os bombeiros encherem uma piscina do clube, usando um hidrante da Sabesp.
Três dias depois, quando os bombeiros já haviam enchido 10% da piscina, eles foram surpreendidos por dois funcionários da Sabesp. O caso foi parar no 7º DP.
Segundo o promotor, para impedir que o delegado Garcia prendesse os bombeiros em flagrante, o capitão da PM Cláudio Carquejo Rodrigues de Oliveira telefonou para o chefe da Polícia Civil na Baixada para "abafar o caso".
Em depoimento, o capitão disse que o coronel Gonçalves ligou para o presidente da Sabesp para ele convencer seus funcionários a abafarem o caso. O autor da denúncia, promotor José Ismael Lutti, do Tribunal de Justiça Militar, pediu o afastamento dos oficiais.
Lutti também pediu o envio de cópias de depoimentos de PMs à Justiça comum para ela investigar o envolvimento de civis na tentativa de abafar o desvio d'água.
O promotor Lutti poderá pedir nesta semana a prisão preventiva dos cinco oficiais, caso o comandante-geral da PM, coronel Francisco Profício, não os afaste de seus cargos.
A denúncia do promotor afirma que o capitão Cláudio Carquejo Rodrigues de Oliveira e o tenente Salvador Alves Diniz Filho falsificaram os documentos do caso.
Eles também teriam obrigado seus subordinados a participarem da fraude. O capitão foi denunciado por peculato, falsidade ideológica e prevaricação. O tenente foi denunciado por prevaricação e falsificação de documentos.
Segundo Lutti, o major Waldir Losso foi quem recebeu a ordem do coronel Norival Gonçalves, chefe da Assistência Militar da Assembléia, para encher a piscina do clube Sírio Libanês com água da Sabesp. Losso foi denunciado por peculato e falsidade ideológica.
O coronel Arnaldo Ferreira Barreto, ex-comandante do 6º Grupamento de Incêndio, é acusado de saber das fraudes e ter concordado com a ação do major, do capitão e do tenente, seus subordinados. Ele foi denunciado por prevaricação e falsifidade ideológica.

Texto Anterior: Acusados negam abuso
Próximo Texto: Policiais negam as acusações
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.