São Paulo, segunda-feira, 4 de abril de 1994
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Envolvidos alegam que nomes foram 'plantados'

DA REDAÇÃO

Na última quarta-feira, uma operação sigilosa realizada por promotores e pelo serviço reservado da PM –sem o conhecimento da cúpula da Polícia Civil carioca– apreendeu documentos com nomes de políticos e policiais que receberiam propinas de bicheiros.
As listas foram encontradas em um escritório que seria do banqueiro do jogo do bicho Castor de Andrade, em Bangu (zona oeste). Mostram nomes ao lado de valores em dinheiro, que os promotores suspeitam que possam ser propinas. Somadas, as quantias totalizam US$ 1 milhão, segundo avaliação inicial. Só o procurador-geral de Justiça Antonio Carlos Biscaia e um oficial do alto escalão da PM possuem cópias dos documentos.
Entre os nomes encontrados nas listas, estão: Edson de Oliveira, ex-superintendente da Polícia Federal no Rio; Jorge Mário Gomes, secretário de Polícia Civil do Rio; Cidinha Campos, deputada federal (PDT-RJ); Aguinaldo Timóteo, ex-deputado federal; Washington Rodrigues, radialista da Rádio Globo; e Emir Larangeira, deputado estadual sem partido.
O secretário Gomes nega a acusação e classifica de "policialesca" a atitude da Procuradoria Geral de Justiça de assumir sozinha a investigação. "A polícia é idônea para prender o genro do Castor e 149 contraventores em Campos. Será que não tem idoneidade para investigar este caso?", indagou. Oliveira diz acreditar que seu nome tenha sido "plantado" e nega envolvimento com bicheiros. Ele deixou o cargo na semana passada para concorrer a deputado federal pelo PSDB. Diz que pode haver ação do crime organizado para desestabilizar sua candidatura.
Cidinha admite ter recebido dinheiro de Castor de Andrade "para atender pessoas carentes". Diz que os US$ 7 mil que recebeu foram doados a um orfanato. Assume ter ligações com o bicheiro. "Quando cheguei ao Rio, ele me estendeu a mão." Cidinha diz que a polícia "deve achar mais dinheiro" destinado a ela, "não só por Castor", pois "antes de ser política ajudava pessoas em programa de rádio".
Timóteo afirma que a presença de seu nome na lista mostra a organização de Castor. "Sempre que estou 'duro', peço dinheiro a ele. É meu pai branco. Nunca fiz nada na vida de que me envergonhe. Tenho um patrimônio, mas o dinheiro está difícil", diz o cantor.
O radialista Washington Rodrigues diz ser amigo de Castor há 30 anos e que considera uma ofensa qualquer insinuação de que recebe suborno. Diz que seu nome "foi plantado" na lista do bicheiro.
O deputado Larangeira afirma que não conhece Castor. "Está na cara que isso é uma farsa". Para ele, seu nome apareceu na lista por ser inimigo pessoal da cúpula do Serviço Reservado da PM.

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