São Paulo, segunda-feira, 4 de abril de 1994
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'Pra frentex'

CIDA SANTOS

No princípio eram apenas os jogadores da rede que atacavam. Em 1976, o gigante polonês Tomasz Wójtowicz mudou o rumo da história. Passou a saltar detrás da linha de três metros e "inventou" o ataque do fundo da quadra.
Quando a Polônia esteve no Brasil em 76 para jogar uns amistosos, Zé Roberto Guimarães –então um dos levantadores da seleção brasileira– e seus companheiros de time ficaram deslumbrados. Tomasz era o jogador mais sensacional da época. Totalmente "prá frentex" com seu ataque desconcertante e seus cabelos longos.
Em todos que estiveram na Olimpíada de Montreal, a imagem mais forte que ficou do vôlei foi justamente a de Tomasz voando do fundo da quadra. Aliás, ele foi a principal arma da Polônia para vencer na final a então União Soviética e conquistar a medalha de ouro. A tal jogada detrás da linha dos três metros maravilhou atletas, técnicos e correu o mundo. O atacante Xandó foi o primeiro brasileiro a bater essa bola com eficiência.
Na Olimpíada de 92, foi a vez de Zé Roberto –já como técnico da seleção mostrar seu lado "prá frentex". Formou um time com Carlão, Tande, Marcelo Negrão e Giovane atacando de todas as posições. Apenas o levantador Maurício e o atacante Paulão não entravam no "carrossel". Foi a vez de o Brasil deslumbrar o mundo "quadradinho" do vôlei. As outras seleções jogavam com dois atacantes de meio tradicionais e menos possibilidades de ataques.
Para o Mundial de setembro na Grécia –onde o Brasil vai tentar conquistar o único título que lhe falta– fico pensando quais surpresas táticas que restam. O ponto possível de evolução do time está justamente na posição de Paulão, o único entre os titulares que não ataca do fundo da quadra. Mas, querido leitor, o problema é que também ninguém bloqueia como o Paulão. E este deve estar sendo o grande dilema de Zé Roberto.
A solução por enquanto parece utópica: imagine um jogador com o bloqueio do Paulão e a versatilidade e força de ataque do Max. É justamente essa peça, imaginária e perfeita, que falta para a seleção se tornar um verdadeiro carrossel com os cinco jogadores girando e atacando de todas as posições da quadra. Seria a revolução total. Zé Roberto chegaria então a um time "imexível e imarcável" como diria o ex-ministro do Trabalho Rogério Magri.

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