São Paulo, terça-feira, 5 de abril de 1994
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Identidade reconhecida

O hábito do governo itinerante, em Minas, foi praticamente criado por Juscelino Kubitschek. Como governador do Estado, ele fazia questão de visitar as principais cidades e, quando havia jeito, viajava de avião para ganhar tempo e impressionar.
Assim foi na viagem que fez a Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha. Por ordem de JK, o avião deu várias voltas sobre a cidade antes de aterrissar. Era o princípio de um ritual para causar sensação. Por fim, o aparelho desceu num campo de pouso improvisado e a multidão cercou o avião.
A portinha abriu, a escada foi colocada e JK desembarcou. Abraço vem, abraço vai, JK percebeu um bêbado caminhando em sua direção. O homem soluçava, capengava e, sobretudo, cheirava a álcool puro. Era uma cena tão pavorosa que as pessoas se afastavam para ele passar. E estava ali o sujeito, já a alguns metros de JK, quando disse, com a língua enrolada:
– Ô Juscelino, olha eu aqui. Lembra de mim? Eu também sou de Diamantina.
JK não deixou por menos:
– Não chega perto, que eu já te conheci pelo bafo.

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