São Paulo, terça-feira, 5 de abril de 1994
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Estudante de direito manda matar os pais

MARCUS FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

A polícia de Santos (72 km a sudeste de São Paulo) decretou na madrugada de ontem a prisão temporária por cinco dias da estudante de direito da Universidade Católica de Santos Andréia Gomes Pereira Amaral, 20.
Ela e o namorado, D.L.C., 17, confessaram à polícia a autoria do homicídio seguido de ocultação de cadáver de Antônio Silva Amaral, 53, e Deolinda Gomes Pereira Amaral, 42, pais de Andréia.
Os dois foram mortos a facadas por D.L.C. na última terça-feira – o nome o rapaz não é divulgado por ele ser menor de idade. O crime vinha sendo planejado havia um mês por Andréia. Segundo a polícia, há duas semanas, a filha das vítimas acertou com D.L.C. a execução do crime.
Em seus depoimentos ao delegado Cassio Luis Guimarães Nogueira, os dois disseram que os maus tratos a que Andréia era submetida pelo pai e o impedimento na continuidade do namoro teriam motivado o crime.
Os assassinatos ocorreram por volta das 23h da última terça-feira. Andréia escondeu D.L.C. embaixo da sua cama. O adolescente ficou ali das 17h até 22h30, de acordo com os depoimentos.
Quando Antonio e Deolinda adormeceram, Andréia chamou o namorado. Com uma faca, ele matou primeiro o pai da jovem. Em seguida, desceu à sala do apartamento tríplex da família e matou Deolinda, que dormia no sofá.
Segundo os investigadores Wilson Roberto de Lima e Marcelo Barbosa da Cruz, Andréia afirmou ter feito sexo oral com D.L.C. depois da morte dos pais. Em seu depoimento, o menor disse "que foi para relaxar".
Na manhã do dia seguinte, após colocarem os corpos em dois sacos, D.L.C., com o carro de Andréia, um Omega 93, levou os cadáveres à periferia da cidade.
No local, divisa entre Santos e Cubatão, D.L.C. e outro menor ainda não-identificado, cavaram um buraco e enterraram as vítimas.
Na quinta-feira, Andréia chamou duas irmãs da mãe e disse desconfiar que o pai tivesse assassinado Deolinda e fugido.
A família, juntamente com Andréia, foi ao 1º DP e registrou a queixa, com a versão de jovem. Os policiais expediram um mandado de busca contra Antônio.
Na sexta-feira, um telefonema anônimo, supostamente feito por um vizinho de Andréia, segundo o delegado, informou à polícia que D.L.C. teria sido visto com o carro da namorada nos dias que se seguiram ao crime.
Localizado em sua casa, D.L.C., que estuda na 8ª série de uma escola do Estado, confessou a autoria do crime. Levado à presença de Andréia, ela ratificou o depoimento do namorado.
Andréia foi levada para o presídio feminino de Santos. D.L.C. foi encaminhado para o Juizado de Menores, onde estava preso até ontem.

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