São Paulo, quarta-feira, 6 de abril de 1994
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Plano terá execução rigorosa, diz Ricupero

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, comprometeu-se ontem a "dar execução rigorosa" ao plano de estabilização da economia. No discurso de transmissão do cargo, ele avisou que manterá a política monetária severa, a austeridade fiscal e combaterá os aumentos abusivos de preços.
Durante entrevista, negou que a equipe econômica já trabalhe com uma data marcada para a criação da futura moeda, o real. "A imprensa tem falado em datas como 1º de junho, mas nada disso está definido", afirmou.
A posse de Ricupero foi às 11h, no Palácio do Planalto, e a transmissão do cargo às 16h, no Banco Central. Após a posse no Planalto, Ricupero transmitiu seu cargo de ministro do Meio Ambiente para Henrique Brandão Cavalcanti.
No seu discurso, Ricupero repetiu frases ditas na semana passada. Afirmou que os componentes ambiental e social fazem parte da economia, e que não devem funcionar apenas como cobertura da política econômica.
Depois almoçou com o ex-ministro Fernando Henrique Cardoso e a equipe econômica, que será mantida nos cargos.
Iniciou seu discurso no Ministério do Meio Ambiente citando trechos do salmo 32 da Bíblia: "Feliz o povo cujo Deus é o senhor". Disse ainda que a experiência como ministro do Meio Ambiente o marcou para o resto da vida.
À tarde, ao ser empossado na Fazenda, afirmou que dará "especial prioridade, a partir deste momento, à tarefa de definir as regras de emissão da nova moeda e as formas de lastreamento". Ele observou que as regras serão "claras" para dar estabilidade ao poder de compra do real e deixou claro que vai conservar as atuais taxas de juros elevadas.
A candidatura de Fernando Henrique Cardoso à Presidência não foi esquecida por Ricupero. Ele disse que será "uma campanha decisiva, que esperamos se erga ao plano elevado do debate sério".
Sobre preços, Ricupero disse que existe "a firme determinação do governo em coibir os abusos tópicos que, aqui ou ali, ocorreram ou poderão a ocorrer". Segundo ele, o governo está disposto a usar o arsenal legislativo atual e até a reforçar os dispositivos contra o abuso do poder econômico.
Na presença de quase todos os ministros do governo Itamar, Ricupero disse que não vai abrir mão da austeridade fiscal e pediu também a colaboração do Legislativo e do Juciário, referindo-se à crise recente entre o presidente Itamar e os dois Poderes sobre a conversão dos salários em URV.
Ricupero defendeu a revisão constitucional para dar mais "harmonia entre os Poderes da República" e, ainda, para descentralizar os encargos que hoje estão hoje sob responsabilidade da União.
Embora preferindo não dar detalhes sobre a condução do plano, Ricupero foi enfático ao afirmar que não está disposto a discutir eventuais perdas salariais em virtude da criação da URV, a exemplo de seu antecessor, FHC. "Não há perda nenhuma, eu não conheço perdas. Quem conhece aritmética sabe disso."

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