São Paulo, quarta-feira, 6 de abril de 1994
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Presidente da Fifa já não descarta sétimo mandato

Havelange afirma à Folha que 'há muito ainda a fazer'

CLAUDINÊ GONÇALVES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Confiante a cordial, antes da reunião de ontem na Fifa. Solícito, mas diplomático e franco, ao final, João Havelange recebeu a reportagem da Folha, em seu escritório na sede da Fifa.
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Folha - Esse será seu último mandato?
João Havelange - Nunca se pode dizer se será o último ou o primeiro. Dentro de quatro anos, os presidentes das confederações continentais decidirão.
Folha - Nunca uma eleição da Fifa foi tão concorrida. O que ocorreu desta vez?
Havelange - Se o futebol não fosse assim, não teria a força que tem. Sempre há polêmica e divergência. Isso é devido à paixão que o futebol exerce e eu não poderia ficar imune a tudo isso.
Folha - O que a Uefa tem contra a sua gestão?
Havelange - Eles tinham algumas preocupações e o resultado está no comunicado final da reunião.
Folha - Que promessas o senhor fez às confederações?
Havelange - Esse assunto nem sequer foi tratado.
Folha - Mas por que pleitear um sexto mandato?
Havelange - Aí é que está o engano. Eu não pleiteei esse sexto mandato. Em 1992, quando terminou a sessão do Comitê Executivo, os cinco presidentes pediram que eu aceitasse um novo mandato. Na reunião de Chicago, em dezembro de 93, reiteraram o mesmo pedido. Posteriormente, circularam notícias modificando aquilo que me havia sido pedido e eu quis saber qual era a razão. O resultado foi o apoio à minha candidatura por mais quatro anos, porque havia ainda muita coisa a fazer para o futebol.
Folha - Qual o programa para o próximo mandato?
Havelange - Primeiro é criar a Fundação Fifa, para atender às crianças menos favorecidas em todo o mundo, se possível. Segundo, já compramos um prédio e vamos criar um centro de comunicações, com todas as informações sobre o futebol.
Folha - O senhor reconhece que errou ao excluir Pelé do sorteio em Las Vegas?
Havelange - Esse não é um assunto para o momento mas, como jogador, Pelé sempre teve meu apoio. Como empresário, ele deve ter um princípio de respeito a todos. No entanto, a amizade que tenho por ele não deixou de existir, porque um pai perdoa sempre o erro de um filho.

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