São Paulo, quarta-feira, 6 de abril de 1994
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Jimbo x Big Mac

THALES DE MENEZES

Amanhã é dia de prazer para todos que gostam de tênis. Jimmy Connors e John McEnroe fazem uma partida de exibição no Ginásio do Ibirapuera para velhos e novos fãs. De cada lado da quadra, um ex-número 1 do mundo.
Connors vai fazer brincadeiras com o público, vibrar loucamente com cada ponto conquistado e, quem sabe, mostrar um pouco do tênis que fez dele o recordista em títulos do circuito profissional: 109 conquistas, a primeira em Jacksonville (EUA), em 1972.
McEnroe vai encontrar algum lance duvidoso no jogo que permita ao maior reclamão da história do esporte dar seu show. Mas McEnroe não se contentou em ser apenas bobo da corte. Foi também o rei, o tenista de golpes pouco ortodoxos que deu à palavra talento as dimensões mais abrangentes.
Mesmo numa partida de exibição, vai dar para despertar um pouco da antiga rivalidade entre os dois. McEnroe ganha na idade (35 anos contra 41 de Connors) e no retrospecto (20 vitórias em 33 confrontos oficiais). Mas em uma coisa Jimmy Connors foi superior a McEnroe ou qualquer outro: a obsessão pela vitória.
E nem poderia ser diferente. Jimmy foi educado para vencer. Sua mãe, frustrada por não ter conseguido ser a grande tenista que sonhava, injetou no filho sua obstinação. Quando o pimpolho tinha só dois anos, ela arremessava bolinhas de papel no berço, para que Jimmy as apanhasse no ar. Na cabeça dela, isso já iria desenvolver no garoto a noção de distância, fundamental para as rebatidas.
Um possível fracasso do rapaz em sua carreira poderia até ter desencadeado uma tragédia familiar. Para felicidade geral, Connors tornou-se o melhor tenista do mundo aos 22 anos. Seu reinado durou pouco, porque o sueco Bjorn Borg resolveu transformar Wimbledon em seu feudo e ofuscou Connors.
No final dos anos 70, quando começava a mostrar sinais de que tinha descoberto como levar a melhor em cima de Borg e rumava de volta ao topo, Connors foi atropelado pela ascensão de McEnroe.
Eles se pareciam. Tinham jogo agressivo, berravam na quadra. Connors já tem seu sucessor, diziam. Mas ninguém poderia imaginar que a velha garra de Connors o manteria no circuito por mais uma década. O próprio McEnroe perdeu o interesse pelos campeonatos antes dele. Por isso, uma rivalidade de quase duas décadas vai entrar na quadra do Ibirapuera. Sorte de quem assistir.

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