São Paulo, quinta-feira, 7 de abril de 1994
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Pioneiro guiou Cinema Novo

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Humberto Mauro é, no cinema brasileiro, um referencial tão forte quanto Glauber Rocha. Seu pioneirismo, que o levou a filmar a partir de 1925 em Cataguases, interior de Minas, tem certamente a ver com isso.
Mas a originalidade que o levava a produzir longe da metrópole, correspondia a um olhar inteligente, fino e talentoso sobre as coisas, que o levariam a realizar, ainda em Cataguases, o notável "Sangue Mineiro" (1928).
Mauro tornou-se a prova em pessoa de que era possível fazer cinema de ficção no Brasil. No Rio, trabalha na Cinédia nos anos 30, e ali realiza seu trabalho mais célebre, "Ganga Bruta".
Em seguida, torna-se uma espécie de cineasta oficial, responsável pela criação do INCE (Instituto Nacional de Cinema Educativo). Mesmo trabalhando nesse quadro de algum modo restrito, realiza obras de envergadura, como "O Descobrimento do Brasil" (1937) e o formidável curta "A Velha a Fiar" (1964).
Mauro é um cineasta fundamental para o Cinema Novo, que o toma mais como guia do que como precursor. Num quadro ingrato, produziu uma obra em nada imitativa, em que a preocupação de mostrar o Brasil –escapando aos padrões do cinema internacional– é um dos aspectos marcantes.
Mauro não é só um cineasta fundador. É um grande cineasta e ponto. (Inácio Araujo)

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