São Paulo, quinta-feira, 7 de abril de 1994
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Sodré diz que só quer 'fazer a transição'

DANIEL PIZA
DA REPORTAGEM LOCAL

Roberto Costa de Abreu Sodré, 75, teve ontem seu primeiro dia como diretor-presidente interino do Museu de Arte de São Paulo (Masp).
Em entrevista exclusiva à Folha ontem, em seu escritório na avenida Paulista, disse que não é candidato ao cargo. O novo ocupante será definido em assembléia no próximo dia 18.
O presidente anterior, Hélio Dias de Moura, renunciou ao cargo na segunda-feira. A crise foi deflagrada há duas semanas com a saída do conservador-chefe Fábio Magalhães (leia texto ao lado).
Para Sodré, Magalhães é um bom profissional e se precipitou ao pedir demissão. "Tentei fazer o entendimento entre as partes, mas não consegui", diz Sodré. "Vou apenas fazer a transição."
Mesmo assim, ontem foi conversar um a um com os funcionários do museu e, entre outros atos, mandou que a lojinha do Masp volte a funcionar, ainda que esteja com impedimentos fiscais. "Vou falar com o secretário municipal de Cultura sobre isso", afirma.
Diz também que não pretende se candidatar por questão de "tempo e idade". Foi governador de São Paulo (1967-71) e ministro das relações exteriores (1985-1989).
Ligado ao PFL, hoje administra fazendas no interior do Estado e preside o conselho da Fundação Padre Anchieta.
Cogita de se candidatar a deputado federal, "mas só quando Brasília não for mais a capital". Já escreveu cerca de 100 páginas de um livro onde junta memórias com observações sobre a atualidade.
"Com todas essas atividades, não posso presidir o museu mais importante da América Latina", diz. "Sou um homem do campo, que põe a mão na terra."
Sodré afirma não ter candidato ainda. "Não vou formar chapas sozinho, vou falar com muita gente antes." Na sua opinião, as finanças do Masp estão equilibradas, mas devem ser melhoradas.
No final da entrevista, diz no entanto que não quer ver a bandeira de Assis Chateaubriand (fundador do Masp) cair. E completa: "Se eu tiver de ser o porta-estandarte, serei".

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