São Paulo, quinta-feira, 7 de abril de 1994
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Carro-bomba faz 8 mortos em Israel

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um carro-bomba matou oito pessoas e feriu 50 num ponto de ônibus em Afula, norte de Israel. O ataque de ontem foi reivindicado pelo grupo islâmico Hamas.
A polícia israelense disse que o carro explodiu assim que um ônibus parou no ponto, por volta do meio-dia (7h de Brasília).
Quatro dos mortos eram adolescentes. Morreram ainda duas mulheres, um árabe e o motorista do carro-bomba.
O Hamas disse que o motorista do carro-bomba era Raed Zakarneh, 19, de Qabatyeh, na Cisjordânia, território ocupado por Israel. Ele seria integrante do Izz el-Din al-Qassan, braço armado do Hamas, grupo que se opõe à Organização para a Libertação da Palestina e à negociação com Israel.
O ataque teria sido vingança ao massacre de 30 palestinos pelo colono judeu Baruch Goldstein numa mesquita em Hebron, em 25 de fevereiro. A explosão ocorreu um dia depois dos 40 dias de luto dos muçulmanos por Hebron.
"Crianças queimavam como tochas" ao saírem do ônibus atingido. Elas gritavam "Salvem-me. O que está acontecendo", disse o professor de auto-escola Albert Amos, que presenciou a explosão.
"Corpos estavam espalhados pela rua, pelas cercas, nas árvores. Havia mortos com as pernas e a cabeça estouradas", disse um bombeiro que participou da operação de socorro.
Um grupo de israelenses se juntou no local da explosão gritando slogans "Morte aos árabes" e "Abaixo Rabin" (Yitzhak Rabin, primeiro-ministro de Israel). Mais tarde, houve protesto em Jerusalém. Grupos gritavam "Goldstein, rei de Israel".
A polícia reforçou o policiamento de bairros árabes próximos a Afula para impedir ataques de vingança. Afula fica a 10 km da Cisjordânia e perto das cidades árabes da Galiléia.
Qabatyeh foi isolada pelo Exército depois da decretação de luto pelo motorista do carro-bomba.
A OLP condenou o atentado. "Uma das razões por que estamos apressando a assinatura desse acordo é que parem as matanças. Em Gaza, Hebron ou Afula", disse Nabil Shaat no Cairo (Egito). Ele negocia pela OLP a implantação da autonomia palestina em Gaza e Jericó, conforme foi acertado no acordo entre Israel e OLP em Oslo, em setembro último.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Shimon Peres, disse que as negociações prosseguirão."Continuaremos negociando como se não houvesse terrorismo e combatendo os terroristas como se não houvesse negociações", disse o ministro do Meio Ambiente de Israel, Yossi Sarid.

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