São Paulo, sexta-feira, 8 de abril de 1994
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As denúncias de Lancelotti

AFANASIO JAZADJI

As denúnciasde Lancelotti
Vira e mexe, o padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Menor, volta à carga. E, como sempre, com acusações genéricas, inconsequentes e levianas, como as que levaram Gilberto Dimenstein, desta Folha, a escrever que policiais civis e militares, com a omissão e até conivência de seus superiores, estariam explorando a prostituição infantil, utilizando crianças no tráfico de tóxicos e até as matando, como "queima de arquivo".
Não é de hoje que esse padre desenvolve uma campanha infamante, sempre ocupando grandes espaços na imprensa, acusando autoridades, ora como silentes, ora como cúmplices. E ele nunca dá nomes aos bois. Generaliza, criminosamente, sem citar quem seriam tais "policiais", seus superiores.
São dois os aspectos que reputo da maior gravidade:
1º) A insistência do padre Lancelotti, que pela enésima vez insiste em suas denúncias, sempre vagas, sem que uma vez ele fornecesse os nomes desses maus policiais ou o endereço dos prostíbulos infantis.
2º) Jornalistas decentes e bem intencionados constantemente caem no conto desse vigário e lhe abrem espaço na mídia, para a ladainha de sempre, já surrada, sem ao menos indagá-lo de provas, nomes, locais.
Entendo que chegou a hora de dar um basta nessas falácias. É preciso cobrar o padre Lancelotti no duro. Já o desafiei, pelo rádio, a fornecer nomes, para ajudá-lo a combater os maus, se é que existem. Ele foge. Mas, agora, como membro efetivo da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa, estou encaminhando representação ao Ministério Público para que o interpele judicialmente a se pronunciar.
Ele, tão bem ou melhor do que nós, sabe que jamais, em tempo algum, as nossas polícias Civil e Militar pactuariam com o horror da prostituição infantil, com o tráfico feito por crianças e com a sua eliminação pura e simples.
Esses lamentáveis "educadores de ruas", que padre Lancelotti tão bem conhece, é que costumam apaniguar e encobrir delitos cometidos pela infância por eles protegida. Como os que habitam as sórdidas "casas abertas" que, salvo exceções, promovem a degradação, propiciam a promiscuidade de meninos e meninas, no mais completo ócio, onde vivem de furtos, roubos e até mortes.
É preciso que alguém, munido de coragem -e isso eu tenho para dar e vender- diga a esse padre sem batina que ele e seu grupelho são, eles sim, os verdadeiros responsáveis por esse estado de coisas, na medida em que impedem o princípio da autoridade, dos pais, dos verdadeiros educadores, ou mesmo das autoridades.

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