São Paulo, domingo, 10 de abril de 1994 |
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Escândalo reduz a arrecadação em SP Ivo Noal afirma que queda foi de 40% MARCELO GODOY
Noal, que se diz afastado do jogo há cinco anos, controla, segundo a PM, 40% das apostas de São Paulo. Segundo ele, o jogo movimenta US$ 1 milhão por dia no Estado. Folha - Qual sua relação com os bicheiros cariocas? Ivo Noal - Os bicheiros de São Paulo não têm qualquer relação com os contraventores cariocas. Eu só conversei com Castor de Andrade uma vez. Folha - O sorteio não é no Rio e o resultado passado por telefone para São Paulo? Noal - É a única relação, mas o pessoal daqui já pensa num sorteio independente. Folha - O bicho em São Paulo foi afetado pela lista? Noal - Os bicheiros paulistas estão preocupados com as notícias do Rio. As apostas caíram 40%. Parece armadilha para difamar os bicheiros. Duvido da autenticidade da lista. O Castor, com 50 anos de experiência na contravenção, não exporia o esquema no papel. Folha - Dois bicheiros paulistas foram acusados nos últimos anos de estarem ligados ao tráfico e a grupos de extermínio. O bicho está ligado a outros crimes em São Paulo? Noal - Não posso responder pelo Rio, mas acho que é balela. Não existe ligação com o tráfico. Em São Paulo o jogo é mais folclórico e pacífico. Bandido não trabalha para bicheiro. Pode acontecer, mas é raro. Folha - O senhor já deu ou dá propinas para policiais ou políticos paulistas? Noal - Não se paga um tostão para a polícia. Se tivesse pago, não teria 41 inquéritos por contravenção. Tentam me acusar de matar dois homens, mas é uma farsa. Não há propina para políticos. Uma única vez, apoiei um candidato em quem acreditava: o Erasmo Dias (deputado estadual do PPR). Ele era secretário de Segurança. Depois, me traiu. Não confio mais em políticos. As propinas só vão acabar quando o jogo for legalizado. Folha - Como é o jogo e a arrecadação em São Paulo? Noal - Os bicheiros têm 30 mil pontos de aposta –10 mil na capital. Empregam de 700 a 800 mil pessoas. Na capital, há 200 bicheiros (dono de banca) e 20 banqueiros (cobrem apostas maiores). No interior, há 1.200 bicheiros. O movimento é de US$ 1 milhão por dia (US$ 500 mil na capital) e 50% é pago como prêmio. A comissão dos cambistas é de 25%. Os bicheiros ganham pouco. Texto Anterior: Desembargador apóia repressão Próximo Texto: ENTENDA O ESCÂNDALO DO BICHO Índice |
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