São Paulo, domingo, 10 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SBPC faz reunião especial sobre cerrado brasileiro em Uberlândia

DA REPORTAGEM LOCAL

O cerrado é a fênix dos ecossistemas brasileiros. Depois de queimadas, é capaz de renascer das próprias cinzas e recompor parte da vegetação perdida.
Mesmo assim, não resiste à tecnologia agrícola em busca de novos espaços para cultivo. Nos últimos 30 anos, perdeu 46% de sua área para campos de soja e arroz.
Com esses temas, Aziz Ab'Saber, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), abre hoje em Uberlândia (MG) uma reunião especial da entidade sobre o cerrado.
Segundo Ab'Saber, a área de cerca de 1,8 milhão de metros quadrados no centro do Brasil não chega a ter tanta diversidade animal e vegetal quanto o Pantanal ou a Amazônia, mas as espécies encontradas são mais antigas.
É lá que são encontrados símbolos brasileiros como tamanduás-bandeiras ou emas.
"O cerrado é um contramolde da Amazônia", afirma Ab'Saber. Tem vegetação rasteira, penetrada por florestas em regiões baixas. Na Amazônia, as árvores são maiores.
O solo aproveitado pela agricultura é sustentado artificialmente por fosfato e calcário.
O cientista diz que não há trabalhos feitos para um desenvolvimento auto-sustentável da região.
"A economia também se projetou sem que houvesse preocupação em preservar a biodiversidade. Faltou legislação para preservação das espécies", afirma Ab'Saber.
"Mas, no Brasil, um desenvolvimento auto-sustentável tem que ser buscado para a Amazônia", ressalta o pesquisador.
No cerrado, já tomado por cidades e plantações, talvez seja tarde demais.

Texto Anterior: O nu da musa pré-histórica
Próximo Texto: TV Cultura discute a eletricidade no Brasil
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.