São Paulo, domingo, 10 de abril de 1994
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Economia dá popularidade

MARCO CHIARETTI
DO ENVIADO ESPECIAL

A inflação mensal argentina chegou a 0,1% em março. No mês anterior, os preços ficaram na mesma.
Em um ano, os preços no atacado subiram 5,2%, menos do que o aumento de cinco dias nos supermercados brasileiros.
Este controle explica a popularidade de Carlos Menem. Mas há dúvidas quanto à capacidade do governo em manter a estabilidade.
O "superministro" da Economia, Domingo Cavallo, é o responsável direto pela queda da inflação. Quando assumiu o cargo, em janeiro de 1991, a inflação batera na casa dos 20%.
Dois meses depois, conseguiu fazer o Congresso aprovar lei através da qual o dólar passava a ser aceito como moeda no país.
A lei congelava o câmbio num teto. Pouco depois a moeda foi mudada e o peso foi equiparado ao dólar.
Numa economia na qual o dólar já era havia anos a única unidade de referência, a paridade segurou os preços.
Mas com problemas. Industriais reclamaram que, com o câmbio congelado, produtos argentinos perdiam sua capacidade de competir com importados.
Houve uma avalanche de importações, e as exportações ficaram praticamente estáveis. Resultado: o déficit na balança comercial foi a quase US$ 4 bilhões em 93.
Cavallo reagiu e continua dizendo duas coisas: um, os argentinos precisam aumentar sua produtividade; e dois, enquanto o dinheiro de fora continuar entrando o problema da balança é relativo.
Além disso, diz o ministro, a economia cresceu tanto –25% em três anos– que é preciso dinheiro novo.
Com o aumento das taxas de juros nos EUA, os mercados latino-americanos perdem terreno e a entrada de dinheiro diminui.
Os argentinos precisam poupar mais e gastar menos, disse Cavallo a empresários. Não se sabe se conseguirão.
Além disso, o ministro enfrenta problemas políticos sérios. Menem nunca viu com bons olhos sua excessiva preeminência.(MC)

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