São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 1994
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Brizola nega autenticidade da lista do bicho

SÉRGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O ex-governador do Estado do Rio Leonel Brizola (PDT) disse ontem à Folha que é falsa a lista de supostos recebedores de dinheiro do jogo do bicho.
Para Brizola, ao divulgar nomes da lista, o procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Antônio Carlos Biscaia, agiu de modo "leviano", "açodado" e "omisso".
Brizola falou com a Folha por telefone, de sua fazenda no Uruguai. Ele disse que o Ministério Público –Biscaia à frente– foi envolvido em uma trama de "vingança" planejada por Castor.
"No meu entender ele (Castor) armou sua vingança, colocando na famosa fortaleza o que bem queria", afirmou o virtual candidato pedetista à presidência.
Procurado durante toda a tarde de ontem, Biscaia não respondeu aos telefonemas da Folha.
Para Brizola, Castor simulou uma briga com seu contador. Este teria, então, ido à juíza Denise Frossard para denunciar o patrão.
"A juíza acreditou e cumpriu o seu papel. O Biscaia também. Ele errou foi no encaminhamento tumultuado, açodado e leviano, com a divulgação de nomes sem mais nem menos", disse.
O primeiro deles foi relacionar pessoas que qualificou como "bagaço de limão espremido". Seriam pessoas que já foram acusadas de outros crimes e que não têm credibilidade junto à opinião pública.
O segundo critério reuniu, disse Brizola, pessoas realmente comprometidas com o jogo do bicho. "Estas foram listadas porque não os defenderam", disse.
Os demais nomes teriam sido inseridos na listagem como forma de Castor se vingar de sua prisão e condenação, no ano passado.
"Este é o caso do doutor Nilo (Nilo Batista, atual governador do Rio) e do deputado federal Vivaldo Barbosa (PDT)", afirmou.
Brizola disse que Biscaia "claudicou" (falhou) na condução "do processo". "Sobretudo Biscaia conhece o Nilo. Jamais poderia permitir esta dúvida que se estabeleceu sobre sua honradez."
As bancadas federal e estadual do PDT devem encaminhar ofício amanhã à Receita Federal autorizando a investigação das declarações de Imposto de Renda de cada integrante nos últimos cinco anos.
A decisão foi tomada em reunião realizada sexta-feira à noite com o governador Nilo Batista.

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