São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 1994
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Ótimo termômetro

CIDA SANTOS

Chegou a hora das seleções. Amanhã, o Brasil estréia na BCV Cup, em Montreaux. O torneio reúne a nata do vôlei mundial feminino: Cuba, Rússia, China e Estados Unidos. Também vão estar lá Japão, Coréia do Sul e a dona da casa, Suíça. A seleção brasileira entra em quadra com um time jovem, a média de idade é 23 anos, e de muita força. Em ano de Mundial, a BCV Cup éum ótimo termômetro para o mundo do vôlei.
O Brasil vai pegar a China logo na primeira rodada. Tarefa dura. O sétimo lugar nos Jogos de Barcelona provocou crise na seleção chinesa. Sabe lá o que significa não subir ao pódio para um time que já foi bi mundial e campeão olímpico? Pois é, reformulação total. A primeira mostra das mudanças foi no Torneio Asiático de 93: a China venceu com uma campanha impressionante. Perdeu um set em seis jogos. Ganhou quatro sets por 15 a 0. E olha que as chinesas pegaram a Coréia e o Japão, seleções respeitáveis.
Na Copa dos Campeões, em novembro, as chinesas só perderam para Cuba. Vergonha nenhuma. Afinal, o grande desafio hoje dos técnicos é tentar encontrar uma fórmula para vencer as cubanas. Desde 91, elas têm ganhado tudo. Também contam com uma atacante, Mireya Luis, que vale por um time. Tem 1,75 m, mas pega a bola lá no céu. Ela não salta. Voa. O técnico norte-americano Terry Liskkevych já chegou a compará-la com Michael Jordan. Mireya é uma unanimidade mundial. Quer um exemplo? Até a principal revista de vôlei dos EUA –país adversário explícito de Cuba– colocou na capa da primeira edição deste ano uma foto de Mireya carregando o troféu da Copa dos Campeões. Não é a glória?
Já o Brasil mostra novas caras. As atacantes Estefânia e Edna defendem pela primeira vez a seleção. As duas têm histórias ótimas. Antes de aterrisar no Brasil, Edna passou maus bocados na Itália. Não recebeu o que lhe haviam prometido. Quase passou fome e a depender de cobertores emprestados para suportar o inverno. Em 93, deu a volta por cima. Na Recra, foi eleita a melhor da Liga e chegou à seleção aos 29 anos.
Estefânia não dispensava um pagode. No ano passado trocou as pistas de dança pelo vôlei. Foi escolhida a melhor atacante da Liga. Nunca tinha saído do país. Teve que enfrentar agora sua primeira viagem internacional. E para isso levou muita fita de sambão na bagagem, pois ninguém é de ferro.

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