São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 1994
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Ruanda tem pelo menos 8.000 mortos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Mais de 8.000 pessoas morreram em Kigali (capital de Ruanda, no centro-leste da África) e dezenas de milhares em todo o país em três dias de combates, segundo a Cruz Vermelha.
Governos ocidentais enviaram aviões à região para retirar seus cidadãos. Alguns fugiram por terra para o Burundi (ao sul) ou para a Tanzânia (a leste).
Os combates começaram na semana passada, quando um atentado matou os presidentes de Ruanda, Juvenal Habyarimana, e do Burundi, Cyprien Ntaryamira.
Ambos pertenciam à etnia hutu, que governa os dois países. Os rebeldes da FPR são da minoria tutsi –9% dos cerca de 7,5 milhões de habitantes de Ruanda.
O conflito entre hutus e tutsis é anterior à independência de Ruanda, que deixou de ser colônia da Bélgica em 1962. Vigorava recentemente uma trégua de oito meses.
Uma missão de 2.500 soldados da ONU foi enviada em outubro passado a Ruanda para implementar um acordo de paz entre o governo e os rebeldes da FPR.
Com a morte dos presidentes, a FPR (Frente Patriótica Ruandesa) repudiou o governo provisório e retomou a luta contra os hutus.
Uma missão franciscana foi massacrada pelos rebeldes. Eles também assassinaram a primeira-ministra de Ruanda, políticos e soldados de forças de paz da ONU.
Os rebeldes acertaram ontem um cessar-fogo com as forças do governo e interromperam a marcha rumo a Kigali.
Na cidade, soldados bêbados e gangues juvenis com machados dividiam as ruas com cadáveres. A violência étnica prosseguia nos subúrbios.
Saíram de Ruanda cerca de 525 dos 600 franceses que lá viviam, 120 dos 300 alemães e quase todos os cerca de 250 norte-americanos.
Aviões belgas, com 800 soldados, haviam pousado para retirar seus cerca de 1.500 cidadãos.
No ano passado, o assassinato do primeiro presidente hutu no Burundi, Melchior Ndadaye, levou a conflitos que mataram cerca de 100 mil pessoas. Outras 700 mil deixaram o país. Ontem, 500 pessoas fugiram para a Tanzânia.

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