São Paulo, terça-feira, 12 de abril de 1994
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Pelé nega candidatura ao cargo de Havelange

RICARDO SETYON
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE TÚNIS

O ex-jogador Pelé, na Tunísia, durante a Copa Africana de Nações, vencida pela Nigéria
A chegada à Tunísia de um presidente não seria mais tumultuada. Compara-se a visita de Pelé com a de cinco chefes de Estado realizada semana passada.
Pelé, que foi assistir à final da Copa da África (Nigéria 2 x 1 Zâmbia), foi surpreendido pela quantidade de informação que os jornalistas africanos tinham sobre a corrupção no futebol brasileiro.
Ele negou à Folha que seja candidato à presidência da Fifa (Federação Internacional de Futebol Association) em 1988.
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Folha - A imprensa africana perguntou sobre o caso Havelange–Teixeira. O que respondeu?
Pelé - A eleição de Havelange foi mais uma homenagem pelos seus serviços ao futebol. Havelange tentou defender o seu genro, antes de ter mais dados sobre o que se passa no futebol brasileiro. Daí não terem me convidado para o sorteio da Copa, em Las Vegas. Acredito que, se o sorteio fosse hoje, Havelange mudaria de opinião.
Folha - E sobre a corrupção no futebol brasileiro?
Pelé - Existem vários problemas no futebol brasileiro, muito sérios. Eu passei por uma experiência e tenho um advogado que trata de um caso onde encontrei corrupção. Portanto, os problemas existem, e têm de ser tratados com seriedade.
Folha - Por que Pelé não pode ser um sério candidato à presidência da Fifa?
Pelé - Não me sinto preparado para ser agora presidente da Fifa e não quero ser presidente do Brasil, pois não quero estar envolvido com a política, que no nosso país é bastante corrupta e perigosa. Isso não quer dizer que no futuro eu não mude de idéia. São necessárias novas idéias e muita energia para a Fifa nos próximos anos. Por enquanto, estou tranquilo com esportes e principalmente no Santos.
Folha - E sobre o futebol africano, quais são as suas opiniões?
Pelé - A principal curiosidade dos africanos é saber quando uma seleção da África poderá vencer uma Copa. Acredito que estejam no caminho certo, mas que alguns pontos sejam problemáticos.
Folha - O que disse aos africanos sobre o Brasil?
Pelé - Primeiro, que vejo o Brasil entre os quatro finalistas. Também disse que estamos cometendo um grande erro em nos preocuparmos com Camarões e esquecermos a Rússia.
Folha - Os jornalistas africanos tocaram em dois pontos críticos: Romário e Raí.
Pelé - Sim, segundo eles o Romário teria dito qualquer coisa sobre eu estar falando demais. Mas eu não acredito que o que o Romário tenha dito nada de negativo a meu respeito. Confirmei que ele deverá ser uma das principais estrelas da próxima Copa, pois ele é um jogador que influencia todo o esquema de jogo da seleção. Quanto a Raí, ele já demonstrou do que é capaz.

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