São Paulo, terça-feira, 12 de abril de 1994 |
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Bispo eletrônico catequiza almas lisboetas
MARCELO TAS
Este endereço traz duas coincidências históricas: o Infante D. Henriques foi o pai das Grandes Navegações portuguesas que levou a Igreja Católica para o Brasil; 35 é o número de "igrejas" que Macedo já conseguiu instalar em território lusitano. Neste endereço cabalístico funcionava o cine Império, que já foi a maior sala de cinema de Lisboa, com capacidade para receber mais de 2,5 mil pessoas. Há cerca de um ano virou palco da Igreja Universal do Reino de Deus. Numa quarta-feira, 5 da tarde, estamos num intervalo entre as "missas" que acontecem três vezes ao dia. Encostado no balcão da lojinha que vende itens da igreja, registro o diálogo entre um "pastor" com forte sotaque paulista e um jovem lisboeta sedendo de fé: "– É fácil, meu filho. É só fechar os olhos e buscar o Espírito Santo!" "– Mas, pastor, eu quero muito ver o Espírito Santo. Só que eu fecho os olhos e não consigo ver nada. Fica tudo escuro." "– Continue tentando meu filho. O problema é com você. Continue tentando..." Sou notado e gentilmente conduzido por um "obreiro" –uma espécie de recruta na hierarquia do "bispo"– à presença de um certo "pastor" Rezende. Ao pedido de entrevista com algum responsável da igreja, o "pastor" escreve o número do telefone S.O.S, que presta "socorro espiritual" 24 horas por dia. Talvez por descuido das faxineiras do templo, encontro, junto a cartazes empoeirados de cinema, uma ficha de inscrição para o "Reino de Deus" com uma espécie de carnê para o controle das mensalidades. Parece que a catequese dos lusitanos vai indo de vento em popa. Texto Anterior: Venda de hot dog é clandestina Próximo Texto: Funil; Taff-man E; Brunello Índice |
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