São Paulo, quarta-feira, 13 de abril de 1994
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Candidato tenta controlar rebeldia no PSDB

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O senador Fernando Henrique Cardoso está tentando aplacar a ira provocada no interior do PSDB com a virtual aliança com o PFL em torno da sua candidatura. Ele iniciou ontem uma série de contatos com dissidentes tucanos.
FHC jantou com o deputado Jutahy Magalhães Júnior (BA), que já anunciou seu apoio a Lula (PT) caso a aliança se concretize. Hoje, janta com o deputado Adroaldo Streck e outros tucanos contrários ao acordo. FHC quer conversar com todos os dissidentes.
A aliança entre PSDB e PFL enfrenta problemas em 11 Estados e no Distrito Federal. Praticamente a metade da bancada do PSDB na Câmara também reage ao acordo.
Os maiores focos de resistência ocorrem na Bahia e em Santa Catarina. Os tucanos baianos não aceitam caminhar para as urnas ao lado de Antônio Carlos Magalhães. Em bloco, ameaçam aderir a Lula.
Em Santa Catarina, os tucanos locais são inimigos do presidente do PFL, Jorge Bornhausen. Também trabalham com a possibilidade de apoiar Lula. O PSDB do Piauí decidiu votar no petista, caso haja o acordo.
O deputado Flávio Arns (PSDB-PR) disse ontem que toda a bancada do PSDB de seu Estado discorda do acordo. "Não podemos descaracterizar o partido. Há uma discrepância muito acentuada entre o que o PSDB e o PFL pensam", diz.
FHC teme que a rebeldia no PSDB prejudique sua candidatura. Políticos do PSDB também estão preocupados com os efeitos da aliança. Um dos principais integrantes do comando da campanha de FHC disse estar convencido de que o acordo traz mais prejuízos do que benefícios.
O PSDB não contava com a forte resistência ao PFL no interior do partido. Esperava reações contrárias apenas dos tucanos baianos. Mas o nível de insatisfação se generalizou e preocupa FHC.
Na reunião realizada com 30 deputados da bancada do partido, na semana passada, mais da metade se manifestou contra o acordo.

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