São Paulo, quarta-feira, 13 de abril de 1994
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Policiais dizem que desvio de verba à PM no Guarujá envolve prefeitura

MARCUS FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

O desvio de verbas envolvendo a PM do Guarujá (SP) teria sido planejado em dezembro de 93. Estariam envolvidos, além de oficiais do 21º Batalhão da cidade, o prefeito de Guarujá e diretores de empresas municipais e privadas.
A denúncia partiu de dois PMs e foi feita ontem à Folha com a garantia da não-divulgação dos seus nomes.
Os dois trabalham no 21º Batalhão há mais de nove anos. Segundo eles, os oficiais do Batalhão e o prefeito Ruy Gonzalez criaram um "comando paralelo", que envolvia também delegados da Polícia Civil da cidade e de Santos.
"Mais de US$ 1 milhão foi arrecadado e distribuído para poucas pessoas. O grosso da tropa nunca soube de nada", afirmam.
Segundo eles, o dinheiro era recolhido por um funcionário da prefeitura, que o fazia junto a empresas e o levava para a Emurg. Lá, era dividido. Cada oficial ficava com uma parte. Outra ficava na prefeitura e o restante com um segurança do prefeito.
Este funcionário estaria envolvido com a empresa Guarda Patrimonial. Essa empresa seria usada pela prefeitura para justificar a saída de verbas municipais para pagamento de seguranças.
A Folha apurou que há mais de dez anos a Guarda Patrimonial presta serviços à prefeitura.
Em dezembro de 93, a Câmara de Guarujá aprovou um projeto de lei para criação de um convênio entre a prefeitura e a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP).
A lei foi sancionada pelo prefeito Ruy Gonzalez em janeiro. O convênio com a SSP não foi feito.
Por essa lei, os PMs trabalhariam durante a temporada de verão, nos horários de folga, patrulhando fardados a orla da praia.
O dinheiro para pagamento dos policiais militares sairia de verba da prefeitura. Sem a assinatura do convênio, foi criado um comando paralelo para distribuição do dinheiro arrecadado.
A prefeitura teria recolhido dinheiro de empresas privadas para o pagamento dos PMs e de policiais civis, que atuariam no esquema.
O dinheiro saía da prefeitura e parava em grupo de oficiais da PM, da Polícia Civil e firmas particulares da área de segurança.

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