São Paulo, quarta-feira, 13 de abril de 1994 |
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Rancor tacanho?
GILBERTO DIMENSTEIN BRASÍLIA – Uma carta capaz de mostrar que não será exatamente fácil a aliança entre PSDB e PFL está publicada hoje no Painel do Leitor. É de uma das mais conhecidas personalidades políticas em São Paulo: o deputado Afanasio Jazadji que, na condição de radialista, fez do combate sistemático aos direitos humanos e da enaltação à violência fontes de popularidade. E, por isso, teve extraordinária votação para a Assembléia Legislativa, onde lidera o PFL.Ele está aborrecido pelas críticas que recebeu nesta coluna –na verdade, uma reação ao artigo desrespeitoso e agressivo que escreveu contra um padre em São Paulo, defensor de crianças marginalizadas. Chegou a classificar de "sórdidos" os abrigos mantidos pela Igreja Católica, onde, segundo ele, haveria acobertamento crimes. Ou seja, uma infâmia. Aproveitei para comentar que teria interesse em vê-lo, no palanque, ao lado de José Serra, Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas. Em sua carta, o líder do PFL não vê a menor dificuldade de reunir-se com esses tucanos em palanque, classificando-os de "ilustres homens públicos". E, aí, disserta: "Vale muito mais os homens se aglutinarem em torno de muitos pontos comuns e positivos de identificação, ainda que em partidos diferentes, do que se distanciarem em função de alguns pontos de divergência ou levados por um rancor tacanho". Para chegar ao poder, o PSDB está superando sua propalada diferença com a fisiologia –resta saber se, no seu pragmatismo, o apego aos direitos humanos se enquadraria em "rancor tacanho". Fica, aqui, a dúvida. PS – Para se ter uma idéia do nível da carta, basta citar um trecho: "Meus inimigos pessoais e até adversários políticos me acusam de muitas coisas, mas jamais recebi –e não seria agora, de você– o rótulo de covarde, pois arremassada aí da longínqua Brasília, através de fax ou telex, chega a me provocar risos a sua valentia via Embratel". Lamento decepcioná-lo, mas, ao contrário da maioria dos personagens que o senhor defende, tenho ojeriza à violência e minha única arma é a palavra. Texto Anterior: Tudo pelo voto Próximo Texto: Partidos, o que é isso? Índice |
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