São Paulo, sábado, 16 de abril de 1994
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Juízes acusam colega de tentar ajudar Castor

FERNANDO MOLICA
DA SUCURSAL DO RIO

Os juízes Luiz Carlos Peçanha e Franklin de Oliveira Neto, titulares de varas criminais do Rio, acusaram ontem o juiz aposentado Nery Fernandes de Souza de ter tentado favorecer Castor de Andrade.
Oliveira Neto afirmou que, em dezembro de 93, Souza o procurou para que ele solicitasse a Peçanha o indeferimento de um pedido de prisão preventiva para Castor.
Em documento apreendido em escritório de Castor, há uma referência a uma transação entre juízes: "Dr. Nery: pago ao dr. Franklin indeferimento ao pedido de prisão preventiva". Ao lado há a referência ao valor pago: 25.000,00. O documento refere-se ao balanço de dólares em 1993.
Souza e Oliveira Neto estão entre os juízes que estão sendo investigados por terem seus nomes em listas do Castor.
Oliveira Neto, da 21ª Vara Criminal, disse que recusou-se a atender Souza e que o colocou para fora de seu gabinete.
As palavras de Oliveira Neto foram confirmadas por Peçanha, da 20ª Vara Criminal, onde Castor está sendo processado ao lado do genro Fernando Ignácio e do delegado Inaldo Júlio Santana por uma tentativa de suborno.
Peçanha afirmou que a tentativa de Souza era desnecessária. A prisão de Fernando Ignácio ocorreu durante suas férias e a juíza-substituta Sirley Biondo havia negado o pedido de prisão de Castor.
A promotoria recorreu da decisão de Biondo e o caso foi para uma das câmaras criminais do Tribunal. Quando Peçanha voltou de férias, a promotoria voltou a pedir a preventiva de Castor, mas ele a recusou, alegando que o caso seria analisado por instância superior.
Se o documento e a versão de Oliveira Neto e Peçanha estiverem corretos, Souza recebeu US$ 25 mil por um serviço que não chegou a executar.

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