São Paulo, sábado, 16 de abril de 1994
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GP do Pacífico é uma incógnita

FLAVIO GOMES
ENVIADO ESPECIAL A AIDA

Ninguém sabe o que esperar da "corrida maluca" que acontece esta noite em Aida, no Japão. A julgar pelo que aconteceu nos dois primeiros dias de treinos, o GP do Pacífico, segunda etapa do Mundial de Fórmula 1, pode ser a prova mais surpreendente de toda a temporada.
No primeiro dia, quinta-feira, o líder do campeonato, Michael Schumacher, colocou seu Benetton 1s265 à frente do favorito ao título, Ayrton Senna.
Na sexta-feira, no primeiro treino oficial, o brasileiro da Williams foi 0s222 mais rápido do que o alemão.
Isso depois de fazer as previsões mais pessimistas sobre o desempenho do seu carro no circuito lento, estreito e travado de Aida. O motivo para tantas idas e vindas do cronômetro é o quase total desconhecimento que as equipes têm da pista, que pela primeira vez aparece no calendário da categoria. Some-se a isso o fato de que os times ainda estão se adaptando ao novo regulamento, cuja maior estrela é a volta do reabastecimento de combustível. Com tudo isso, pode-se concluir que qualquer prognóstico para o GP do Pacífico é arriscado.
A corrida tem largada prevista para a 0h30 da madrugada de hoje para amanhã, horário de Brasília. Serão 83 voltas. O grid de largada (posição de saída dos pilotos) deveria ser definido com o segundo treino oficial, que estava marcado para a madrugada de ontem para hoje. O piloto que largar na pole-position terá uma vantagem considerável, já que a pista tem raros pontos de ultrapassagem.
Senna, que ficou com a pole provisória ontem (1min10s218, na média de 189,8 km/h), aponta Schumacher como maior candidato à vitória porque a Benetton tem um carro mais ajustado ao circuito.
O carro de Ayrton ainda apresenta problemas de equilíbrio por causa das ondulações do asfalto –problema que não tem afetado a Benetton.
Senna acha difícil manter um ritmo tão forte na corrida como na volta em que conseguiu o melhor tempo no primeiro treino oficial.
A disputa deverá ficar entre os dois pilotos. Damon Hill, companheiro de Senna, corre por fora e pode ser uma surpresa.
No mais, quem chegar inteiro ao fim da prova tem boas chances de marcar pontos.
Qualquer que seja o resultado, o Mundial de F-1 sai de Aida amanhã com o vigor em alta. Se Schumacher vencer, as próximas etapas terão como maior atração a briga de Senna para se recuperar e fazer valer o favoritismo que lhe foi imputado no início da temporada. Uma vitória do brasileiro seria interessante porque ela está sendo considerada "zebra" e iria desmentir várias "verdades" estabelecidas no Japão –como a decadência da Williams e a ascensão irresistível da Benetton.
O GP do Pacífico é um enorme ponto de interrogação. Como a pista é nova, Senna aposta em sua experiência de três títulos mundiais para tirar alguma vantagem.
Schumacher joga suas fichas no arrojo, no equilíbrio de seu carro e na eficiência da Benetton nos pit stops. A briga vai ser boa. Vale a pena ir dormir mais tarde hoje.

NA TV
Globo, ao vivo, a partir de 0h30

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Sobre o GP do Pacífico na pág. 3

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