São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 1994
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Agentes de quatro países 'vigiam' o Brasil

DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Existem hoje 12 agentes de polícia estrangeira habilitados a participar de investigações da Polícia Federal. Acordos firmados com a Alemanha, Inglaterra, França, Estados Unidos e todos países da América do Sul viabilizam a troca de informações policiais entre esses países e o Brasil desde que autorizada pela PF.
A Interpol é o único orgão internacional que atualmente investiga as possíveis relações do jogo do bicho com o tráfico de drogas no país. A PF afirma que agentes estrangeiros ainda não foram solicitados a participar das investigações.
A informação de que a DEA (Drugs Enforcement Agency) dos EUA estaria colaborando no caso foi negada pela Polícia Federal. "É preciso uma autorização formal, mediante solicitação do Brasil, para que as polícias estrangeiras sejam convocadas", disse Sérgio Sakon, chefe da divisão de repressão a entorpecentes da PF.
Embora não possam realizar investigações formais no Brasil, os agentes do DEA enviam relatórios para a sede da agência nos EUA. Há mais de dez anos o DEA tem arquivos sobre a influência política do narcotráfico no Brasil.
Os países da América do Sul não mantêm agentes no Brasil por falta de verba, segundo Sakon. Nos casos em que o país precisa da ajuda sul-americana, faz o contato via embaixada.
Soberania
Os agentes estrangeiros que estão no Brasil são proibidos de iniciar investigações. Se isso acontecer, sem o conhecimento da PF, a polícia estrangeira é advertida e pode ter anulado o contrato de cooperação com o Brasil.
"Além disso, constitui crime contra a soberania nacional", disse Sakon. Todos os agentes que se encontram no Brasil são funcionários da embaixada de seus países de origem. As informações sobre os "adidos", como são chamados, são sigilosas.
A maioria dos agentes estrangeiros no Brasil é do DEA –são nove pessoas, entre homens e mulheres, que passam boa parte de seu tempo pesquisando dados para a PF. O salário médio é de US$ 3 mil por mês. Estão sediados em Brasília e ligados à embaixada norte-americana.
O convênio com os EUA é o único que, além da cooperação técnica em informações, repassa recursos para o Brasil. No orçamento americano para 94 estão previstos US$ 400 mil para a PF.
Na embaixada alemã está um representante do Bunkeskriminalamt (Polícia Federal Alemã). Com essa, o Brasil tem um acordo que já resultou na compra de 10 automóveis Tempra para a polícia. A Alemanha também financia cursos de aperfeiçoamento para agentes brasileiros em Frankfurt.
A França tem uma agente no Brasil. A policial mantém convênio com o Office Central des Stupefiants de Paris. O convênio é o mais antigo e o mais genérico. Não há cláusulas específicas sobre controle de drogas no Brasil.
A H.M. Customs & Excise Investigation Division, da Inglaterra, tem um agente no país há três anos. O intercâmbio é de compra de equipamentos de telecomunicações. Também oferece cursos de adestramento de cães. Em 93, 25 brasileiros foram a Londres para se especializar em investigações.

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