São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 1994
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PF investigou Castor por suspeita de traficar coca em peixe

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MÁRIO SIMAS FILHO
ELVIRA LOBATO

MÁRIO SIMAS FILHO; ELVIRA LOBATO
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

O bicheiro Castor de Andrade foi investigado pela Polícia Federal sob suspeita de traficar cocaína para a Europa. A droga seria acondicionada em peixes e camarões e exportada pela Empresa Pesqueira de Porto Seguro.
Em 1983, agentes do DEA –o departamento de polícia dos EUA especialista na repressão ao tráfico– informaram à PF de Salvador (BA) sobre as atividades da empresa pesqueira.
O então superintendente da Polícia Federal da Bahia, delegado Marcelo Zimmerman, começou uma investigação reservada com o objetivo de mais tarde determinar a abertura de inquérito.
Investigação
Dois agentes foram enviados a Porto Seguro e descobriram que a Empresa Pesqueira de Porto Seguro pertencia a Castor de Andrade.
Segundo o relatório reservado da PF, durante a noite a empresa tinha uma rotina anormal para suas atividades, com intensa movimentação de pessoas, principalmente vindas do Rio.
"Lembro que na época um rapaz chegou a ser preso com porte de droga e se identificou como funcionário de Castor no Rio", disse o delegado Zimmerman, hoje trabalhando no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Salvador.
As investigações da PF não foram concluídas. "Na ocasião, fizemos um relatório reservado onde solicitávamos a Brasília recursos para continuar a investigação", afirmou Zimmerman.
"Os recursos não vieram e meses depois a empresa ficou temporariamente desativada", afirmou.
Venda
Em 25 de março de 1983, Castor de Andrade vendeu o controle acionário da empresa para Angelo Mário Peixoto de Magalhães –irmão do governador da Bahia, Antonio Carlos Magalhães– e para seu filho Paulo Sérgio Magalhães, deputado estadual do PFL.
Atualmente, a empresa está fechada. Em 1984 ela emitiu cerca de US$ 2 milhões em debêntures (títulos de dívida emitidos por empresas), que foram compradas pelo Banco do Estado da Bahia (Baneb).
O irmão do governador já não participa da empresa, mas seu Paulo Sérgio é o acionista majoritário.
O Baneb recebeu parte das ações da empresa como parte do pagamento e hoje administra o espólio.
Segundo informação da agência do Baneb de Porto Seguro e da cooperativa dos pescadores local, a empresa está desativada.

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