São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 1994
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FHC sugere agenda mínima ao presidente

IVANIR JOSÉ BORTOT
GABRIELA WOLTHERS

IVANIR JOSÉ BORTOT; GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O virtual candidato do PSDB à Presidência, Fernando Henrique Cardoso, decidiu levar ontem à noite ao presidente Itamar Franco a sugestão de uma "agenda mínima de revisão" da Constituição.
O candidato falou sobre sua intenção à Folha após um encontro em seu apartamento com a equipe econômica.
Segundo o senador, a agenda terá dois itens fundamentais –uma reforma tributária ampla envolvendo a simplificação dos impostos e a estrutura da Previdência Social.
"Se não houver grande resistência, entraria também a abertura da economia ao capital estrangeiro."
Esta é a primeira iniciativa prática de FHC em favor da revisão. No final do mês de março, ele deixou o Ministério da Fazenda alegando que trabalharia, no Congresso, para agilizar a revisão.
Como ministro, FHC preferiu priorizar a votação do FSE (Fundo Social de Emergência), que só alterou as Disposições Transitórias. Os partidos de oposição alegavam que o governo abandonaria a revisão apóa a votação do FSE.
FHC rechaçou as críticas. "Cheguei no Senado há menos de 15 dias e a situação da revisão já estava bastante difícil." O candidato afirmou que não pode se fazer "milagre" porque não tem nenhum cargo de líder no Congresso.
"O FSE vai garantir um equilíbrio fiscal por uma período de dois anos. Mas precisamos promover reforma estruturais para termos um equilíbrio permanentes nas contas públicas", disse.
FHC recebeu ontem em sua casa o presidente do BC (Banco Central), Pedro Malan, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Clóvis Carvalho, e todos os demais membros da equipe econômica.
Apenas o atual ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, não esteve presente, mas estava representado pelo seu chefe de gabinete, Sérgio Amaral. Oficialmente o encontro teria ocorrido para a equipe prestar condolências pela morte do irmão de FHC, Antônio Geraldo.
"Aproveitamos para conversar sobre o fechamento do acordo da dívida externa com os banqueiros", disse Pedro Malan. O próprio FHC reconheceu que foi feita um avaliação sobre o plano.
"O ministro Rubens Ricupero está conduzindo muito bem o plano", disse. Ele refutou a idéia de que estaria havendo inflação em URV (Unidade Real de Valor). "A URV é um índice e não pode existir inflação em índice", disse.
FHC afirmou que data de criação do real é de atribuição exclusiva da atual equipe."Não pode ser tão rápido que não dê tempo para a sociedade absorver a nova realidade nem tão lenta que se dê no dia de são nunca", disse ele.

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