São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 1994
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Médico irmão de promotor operou filho de Turcão

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Um irmão do promotor Fernando Fernandy Fernandes, que comanda a leitura dos disquetes apreendidos no escritório de Castor de Andrade, foi citado na lista de pagamentos de bicheiros apreendida durante a "Operação Mosaico", realizada pela Polícia Federal no Rio em 1988.
O nome de Fernando Olinto Henriques, irmão do promotor Fernandy, apareceu no livro-caixa do bicheiro Antônio Petrus Kalil, o Turcão, junto a uma anotação sobre pagamento de honorários médicos.
No processo que foi levado à Justiça, Fernando Olinto Henriques foi denunciado como um motorista que distribuía drogas nos morros do Rio de Janeiro.
A Operação Mosaico foi desencadeada em caráter sigiloso, para atingir o tráfico nos morros do Rio. Quando o processo foi levado à Justiça, a lista de nomes desapareceu sem explicação.
A versão do advogado e pai de Fernando Olinto, Fernando Tristão Fernandes, é que o filho dele está no livro porque realizou uma cirurgia no filho de Turcão.
O advogado contou que Fernando Olinto era chefe da emergência no hospital Getúlio Vargas quando o filho de Turcão chegou ao hospital depois de sofrer um acidente de moto. O médico operou o rapaz e evitou que ele perdesse a perna.
Fernando Tristão diz ainda que o filho foi absolvido no processo. "O Supremo Tribunal de Justiça mandou que o nome dele fosse excluído da listagem", afirmou.
O cirurgião Fernando Olinto Henriques trabalha hoje na Holanda e participa do programa "Médicos do Mundo Inteiro". Seu pai informou que ele está em viagem para a Bósnia, onde trabalhará no socorro aos refugiados de guerra.
Fernando Fernandy é o único promotor na comissão responsável pela análise dos disquetes. Além dele, fazem parte do grupo um funcionário da Procuradoria, dois técnicos em informática e um coronel da Polícia Militar.
O Ministério Público afirma que a revelação do caso do irmão de Fernandy faz parte de uma estratégia para desmoralizar a investigação. Segundo o MP, a lista de Castor e a lista de Turcão são fatos diferentes.
A Operação Mosaico foi realizada pela Polícia Federal. Teve o apoio de policiais de elite da Polícia Militar do Rio. O chefe da PF era o delegado Romeu Tuma.
Os policiais que participaram da ação só souberam minutos antes de seu início o que iria ser feito. O objetivo era atingir o comando do tráfico de drogas no Rio.

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