São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cidade não quer receber presos rebelados

EVANDRO EBOLI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JUIZ DE FORA

A Polícia Civil de Juiz de Fora resiste em manter na cidade os três presos que se rebelaram na penitenciária de segurança máxima de Contagem na última quinta-feira e se renderam anteontem.
O delegado regional de Juiz de Fora, Elber Cordeiro, disse que vai "lutar" para que eles sejam transferidos da cidade até amanhã. "Prometo para a cidade que eles vão ficar pouco tempo aqui. Acho uma desconsideração enviá-los para cá. Juiz de Fora não merece isso", afirmou o delegado.
A advogada Flávia Pires dos Santos contestou o delegado regional e afirmou que ele "não pode responder por isso". Segundo ela, o acordo de rendição dos rebelados com a Polícia Militar, os promotores e a Justiça da Vara de Execuções de Belo Horizonte prevê a permanência dos três em Juiz de Fora "por um bom período".
Flávia foi refém dos três e prometeu que seria a advogada deles, acompanhando o caso na capital mineira.
Elber Cordeiro afirmou que não participou de "acordo nenhum" e garantiu que a permanência de Wellington Moreira da Silva, Ricardo Fróes e Valmir Lucas Gomes em Juiz de Fora será por "curtíssima temporada". "Eles vão onerar demais a segurança do presídio por serem bandidos de alta periculosidade", disse.
Para os três serem instalados em Santa Terezinha foi necessário esvaziar uma cela com 12 detentos. O presídio está superlotado. As 30 celas estão ocupadas por 270 presos e a capacidade de lotação é de apenas 190.
A Polícia Militar está auxiliando na segurança externa. "Se a penitenciária de segurança máxima não deu conta deles, imagina o presídio de Santa Terezinha, que é uma cadeia de fundo de quintal", disse Cordeiro.
No início deste mês, o traficante Manoel da silva Gomes fugiu desse presídio depois de subornar detetives de plantão. A constatação é do próprio delegado e foi aberta sindicância para apontar os responsáveis.
A presença de Wellington Moreira da Silva, o Leitão, é o que mais incomoda a Polícia Civil de Juiz de Fora. Nos últimos oito anos, ele liderou duas rebeliões em presídios da cidade. Em 86, ele tomou professoras como reféns e na última, em 92, as vítimas foram funcionários da penitenciária de Linhares.

Texto Anterior: Novo reitor da Unicamp toma posse hoje; Chuvas provocam inundação na PB; Polícia procura estudante por atropelar 3 crianças
Próximo Texto: Presos mandavam beber urina
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.